Durante lançamento da Frente Parlamentar nesta quinta (20), decidiu-se pela criação de comissão formada por representantes do Executivo, Legislativo e Sociedade Civil Organizada para cobrar diálogo com a APS / Divulgação/PMC
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Na próxima segunda-feira (24), às 18h30, na Câmara de Cubatão (Praça dos Emancipadores, s/no), será realizada uma audiência pública para debater o projeto da Autoridade Portuária de Santos (APS) de implantação do segundo pátio de caminhões na cidade, na Ilha do Tatu, como complemento da expansão territorial do Porto de Santos.
O encontro é aberto ao público e foi proposto pela Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente da Baixada Santista.
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O Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), abriu um inquérito civil para apurar possíveis irregularidades, e um abaixo-assinado contrário ao empreendimento já reúne mais de 1.800 assinaturas.
A audiência deverá reunir representantes da Prefeitura, da Câmara, da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e outros.
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A Frente e autoridades de Cubatão defendem que o projeto comprometerá a drenagem da região, aumentando o risco de alagamentos.
Também são esperados impactos sobre a pesca artesanal e o turismo náutico, além do aumento do tráfego de caminhões pesados na cidade e a elevação dos níveis de poluição.
A área escolhida pela APS para o empreendimento possui trechos de restinga e mangue e é morada de guarás vermelhos. Nesta quinta-feira (20), foi lançada a Frente Parlamentar em Defesa dos Ninhais.
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O Guará Vermelho é a ave símbolo de Cubatão e da recuperação ambiental da cidade. O evento reforça a importância de preservação da Ilha do Tatu.
Vale lembrar que o prefeito de Cubatão, César Nascimento, admitiu recorrer à Justiça para impedir a instalação de um pátio de caminhões na Ilha do Tatu, área de preservação ambiental entre a interligação Anchieta-Imigrantes e Estrada Metalúrgico Ricardo Reis, ao lado do Viaduto Mario Covas (ponte estaiada).
“Eu entendo que o Porto de Santos precisa se expandir e prosperar, mas não posso permitir que o preço desse desenvolvimento recaia sobre cerca de 40 mil cubatenses. O equipamento vai impactar os moradores dos bolsões sete, oito e nove; Jardim Casqueiro, Parque São Luiz e Ilha Caraguatá. Esse último bairro terá 714 apartamentos entregues e irá receber todos os moradores da Água Fria”, disse.
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Entre outros problemas, o prefeito alerta que o pátio ficará localizado numa área ambiental importante a menos de 500 metros do maior ponto turístico de Cubatão que é o Parque Linear do Jardim Casqueiro.
“Não houve um estudo social. O bairro da Água Fria será extinto e todos os moradores serão acomodados no complexo habitacional da Ilha Caraguatá, que será impactado com o pátio porque a única via de acesso é a Estrada Metalúrgico Ricardo Reis, que vai receber caminhões pesados com mais de 30 metros de comprimento. Será um trauma”, acredita.
O presidente da APS, Anderson Pomini, dá como certa a instalação do pátio.
A Baixada Santista terá três pátios para caminhões, com a possibilidade de um quarto, dentro do projeto de expansão de área, que passará de 7,8 milhões de metros quadrados para um total de 20,4 milhões.
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Os equipamentos serão implantados na proposta já anunciada da Poligonal do Porto Organizado. Será um em São Vicente; um em Guarujá e dois em Cubatão.
Nessa última cidade, Pomini confirmou a área da Ilha do Tatu e o reaproveitamento do Ecopátio, cuja área passará a integrar a Poligonal.
O presidente da APS revelou que nos equipamentos serão prestados atendimentos médicos e psicológicos e serviços diversos, que gerarão renda e fomento de comércios, que a questão envolvendo o pátio da Ilha Tatu estaria consumada e que ele, ao invés de ser um problema, seria solução para acabar com o fluxo e estacionamento de caminhões dentro dos bairros.
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“Vamos fazer investimentos e apresentar contrapartidas sociais. Usaremos 500 mil metros para atividades retroportuárias e 100 mil para o pátio, evitando o que acontece hoje: caminhões estacionando em frente a residências e comércios. Áreas definidas como da Poligonal não estão sujeitas às mudanças de planos diretores de municípios. Ou seja, o município não tem competência para designar o uso de áreas estabelecidas para a Poligonal do Porto”, defende não temendo à possíveis embates jurídicos.
Por intermédio da iniciativa privada, o pátio representa um investimento estimado em mais de R$ 3 bilhões. A APS irá ceder a área de forma onerosa. Serão 800 vagas para estacionamento.
A empresa ou consórcio vencedor terá obrigações de construir, além do pátio público, um regulador de caminhões.
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Também como obrigação, o vencedor terá de construir uma via de acesso rodoviário interligando a Estrada Metalúrgico Ricardo Reis, conhecida como Estradão da Ilha, que pertence ao Município de Cubatão, com a interligação da Via Anchieta e Rodovia dos Imigrantes e suas demais conexões.
Conforme o edital, a empresa vencedora terá o prazo de até três anos, a contar da data da assinatura de contrato, para disponibilizar a área, infraestrutura e as atividades exigidas.