Cotidiano

Crise faz USP congelar contratações

A Universidade de São Paulo fechou o ano passado com 100% de seu orçamento comprometido com o pagamento de pessoal

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 15/02/2014 às 13:08

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A nova gestão da Universidade de São Paulo (USP) congelou até abril novas contratações e o início de obras. O orçamento de um programa de pesquisa de financiamento próprio também foi reduzido neste início de ano. O motivo é a crise financeira que a universidade enfrenta: a USP fechou o ano passado com 100% de seu orçamento comprometido com o pagamento de pessoal.

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O corte e o congelamento foram adiantados ontem pelo estadão.com.br. Por causa desse comprometimento, a USP tem recorrido às suas reservas para manter as contas em dia, conforme o Estado revelou em novembro passado. O orçamento para este ano ainda será definido no dia 25 deste mês, mas o próprio reitor Marco Antonio Zago já assumiu que a situação deverá ser constantemente reavaliada. O congelamento de contratações e novas obras por no mínimo dois meses foi decidido no último dia 4.

Além desses pontos, a crise atinge uma das iniciativas mais elogiadas da gestão passada, que são os Núcleos de Apoio à Pesquisa (NAPs). Desde 2011, foram criados 43 grupos e, segundo a universidade, foi a primeira vez que a própria instituição investiu recursos próprios na pesquisa. Tradicionalmente, quem financia a ciência na universidade são as agências de fomento, como a Fapesp, CNPq e a Finep.

A nova gestão da USP congelou até abril novas contratações e o início de obras (Foto: Divulgação/USP)

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Os NAPs estão dentro do Programa de Incentivo à Pesquisa da USP. Os projetos envolveram até agora um total de recursos de R$ 146 milhões.

Com o congelamento orçamentário, há coordenadores com receio de não conseguir garantir o pagamento de compromissos assumidos anteriormente. Bolsistas ainda temem perder seus benefícios e ter de abandonar seus estudos. "Estamos completamente sem rumo e os bolsistas não sabem se vão receber", diz Mariana Botta, pesquisadora de um dos oito núcleos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

Temporário. Em comunicado encaminhado aos núcleos, obtido pela reportagem, o Departamento de Finanças da universidade indica que "foi autorizada a liberação de 6% dos recursos da economia orçamentária e da receita própria das unidades". Assim, o tamanho do corte depende de cada núcleo.

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Questionada, a reitoria informou que a regra só vale para fevereiro, enquanto o orçamento de 2014 não é definido. Pesquisadores, no entanto, dão como certo o corte nos orçamentos dos NAPs. Fonte ouvida pelo Estado durante a posse do novo reitor, no dia 25 de janeiro, indicou que a situação dos NAPs deverá ser analisada "com cautela" diante da situação orçamentária da universidade.

O novo pró-reitor de Pesquisa da USP, José Eduardo Krieger, já disse que a decisão de a USP investir diretamente em pesquisa foi "fundamental", mas aponta o desafio de lidar com o custo excessivo da administração. "Nós, gestores, não estamos satisfeitos e queremos cada vez mais profissionalismo para a área", disse Krieger, na última terça-feira, durante o anúncio da nova equipe de gestão da universidade (mais informações nesta página).

No ano passado, o orçamento da USP foi de R$ 4,3 bilhões. As universidades estaduais (USP, Unicamp e Unesp) são financiadas com uma parcela fixa do Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços (ICMS).

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