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Mais de 300 ocorrências, registradas pela Polícia Militar só em 2013, marcam a insatisfação de moradores da orla das praias de Santos e São Vicente quanto ao desrespeito de motoristas que fazem do local “verdadeiras raves”. Assim denomina o delegado Luiz Carlos Cunha, do 7º DP de Santos, as festas que são basicamente animadas por potentes aparelhos de som instalados em carros estacionados. E ele alerta: “qualquer hora vai ocorrer uma morte por causa disso”.
Cunha inclusive já registrou casos, no distrito policial em que atua, de pessoas que entraram em conflito, partindo para briga corporal, por causa do som alto. Segundo ele, um morador da orla de Santos se irritou com o barulho e foi pessoalmente reclamar com o motorista que estava promovendo a festa. “Essas pessoas param o carro na praia, abrem as portas e colocam música no último volume. Normalmente ficam alcoolizados, até drogados, e quando alguém vai tirar satisfação, pode acontecer isso (brigas)”, ressalta o delegado.
Segundo a Polícia Militar, só na orla da praia de São Vicente, nos três primeiros meses deste ano, foram até a delegacia registrar boletins de ocorrência 140 moradores do Município. Em Santos, no mesmo período, foram registradas 242 reclamações, nas delegacias responsáveis por atender chamados apenas na orla. “Muitas pessoas desistem de fazer o boletim de ocorrência, mesmo com o incômodo, porque elas precisam estar dispostas a ir até a delegacia para registrar o caso”, ressalta o delegado Cunha, que afirma que o número de pessoas que se incomodam com o som alto em carros é muito maior.
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Sobre a Lei do Silêncio, o delegado explica que, quando acontece uma denúncia, a pessoa que descumpriu a determinação sofre um processo por perturbação do sossego, o que leva tempo para ser concluído. “Não há uma punição imediata, que faça o indivíduo que descumpriu a lei parar de ouvir música alta no carro em lugares públicos”. Para Cunha, é necessária uma legislação estadual que estabeleça multas aos infratores. “Com o brasileiro tem que ser assim, só mexendo no bolso para a lei ser eficiente”, ressalta.