Cotidiano

Cresce ‘geração-canguru’, que não sai de casa

Em 2012, um quarto (24,3%) das pessoas de 25 a 34 anos vivia com os pais. Em 2002, a proporção era de 20,5% - um em cada cinco jovens. O fenômeno é mais comum nas famílias de alta renda da região Sudeste

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 29/11/2013 às 21:38

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Uma combinação de fatores financeiros e emocionais tem levado jovens adultos a adiar a saída de casa. A decisão de continuar a estudar, casar e ter filhos mais tarde e economizar para o futuro, além do conforto de não assumir tantas responsabilidades, fez crescer, na última década, a proporção de cidadãos de 25 a 34 anos que continuam a morar com os pais e formam a chamada "geração-canguru". Em 2012, um quarto (24,3%) das pessoas nesta faixa etária vivia com os pais. Em 2002, a proporção era de 20,5% - um em cada cinco jovens.

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O fenômeno é mais comum nas famílias de alta renda da região Sudeste, aponta a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os homens são os mais resistentes a deixar a casa dos pais: a "geração-canguru" tem 60% do sexo masculino e 40% feminino. Em geral, trabalham e têm alta escolaridade.

"A geração-canguru é um fenômeno mundial, não necessariamente por falta de condição de os filhos saírem de casa, mas por escolha. Preferem fazer graduação, mestrado ou doutorado na casa dos pais, retardam a formação de uma nova família e também buscam comodidade. É surpreendente que 60% sejam homens. Acredito que, especialmente no caso das mulheres, outro fator é a decisão de cuidar dos pais e de estar mais perto deles", diz a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.

A ‘geração-canguru’, que não sai de casa, cresceu no País (Foto: Divulgação)

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"É interessante também que aconteça mais nas famílias de alta renda. Quanto mais ricos os pais, mais os filhos querem ficar na casa deles", destaca Wasmália. Enquanto apenas 6,6% das famílias de renda per capita de até meio salário mínimo têm filhos de 25 a 34 anos vivendo com os pais, essa proporção sobe para 15,3% nas famílias com renda de 2 a 5 salários mínimos per capita e 14,7% naquelas com renda per capita de mais de 5 salários mínimos.

O fato de que as faixas de baixa renda constituem famílias mais cedo explica, em parte, essa diferença. A Síntese dos Indicadores Sociais mostra que as mulheres estão adiando a decisão de terem o primeiro filho, especialmente nos Estados das regiões mais ricas, Sudeste e Sul. No Sudeste, 28% das mulheres de 30 a 34 anos não têm filhos, proporção que cai para 15,9% no Norte. Nestas duas regiões também estão as maiores diferenças sobre a presença da "geração-canguru": no Sudeste, 26,7% dos jovens adultos de 25 a 34 anos ainda vivem com os pais, enquanto no Norte são 18,5%.

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