O eventual adensamento urbano futuro também poderá sobrecarregar o sistema viário do Município / Divulgação
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O presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Estado (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, projeta um aquecimento no mercado imobiliário da Pérola do Atlântico a partir da construção do Túnel Santos-Guarujá. Porém, na avaliação de Augusto Viana a ligação “mais acessível” entre as duas cidades não deverá provocar um grande deslocamento de santistas para a cidade vizinha em busca de imóveis mais baratos.
A projeção do presidente do Creci-SP é que Guarujá atraia moradores da Capital e da Região do ABC. E esse contingente deve ser formado basicamente por pessoas de classe média. Essa visão contrasta com a impressão do arquiteto e urbanista José Marques Carriço, que prevê a migração de santistas da classe A para a Pérola do Atlântico, com a ocupação de áreas atualmente à disposição da classe média guarujaense.
“As construtoras e os corretores de imóveis vão fazer muitos negócios no Guarujá. O túnel vai incentivar muito as negociações no Guarujá, mas, também, em Santos”, adianta Augusto Viana.
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Porém, o presidente da autarquia federal que congrega os profissionais da corretagem de imóveis no Estado alerta que o próximo prefeito precisará encontrar soluções para a segurança pública no Guarujá. E também resgatar a credibilidade da Administração Municipal, envolvida em escândalos nos últimos anos.
Na visão de Augusto Viana, se esses problemas não forem resolvidos imediatamente, a Cidade pode não desfrutar em plenitude dos investimentos que o túnel poderá alavancar no setor da construção civil.
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Mais: com a experiência de quem acompanhou a metamorfose de Praia Grande a partir da década de 1990, que elevou a Cidade de mero destino para turistas de um dia para o status de balneário moderno, Augusto Viana pondera que essa nova realidade do Guarujá poderá aniquilar os pequenos comércios locais.
O eventual adensamento urbano futuro também poderá sobrecarregar o sistema viário do Município e ampliar a necessidade de vagas para estacionamento de veículos, além de criar novas demandas nas áreas de saúde e educação. Também será necessário rever a estrutura atual no fornecimento de água e de energia.
“É preciso estar atento porque a construção civil gera empregos no momento da obra, depois da obra, o que acontecerá com essa mão de obra? Mais: esse novo momento deverá atrair para a cidade grandes redes atacadistas de alimentos e de materiais para construção, o que pode aniquilar o comércio local”, alerta o presidente do Creci-SP.
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E essa disputa comercial, a longo prazo, restringe novo investimentos no Municípios: “O comerciante local ganha seu dinheiro, mas gasta na Cidade. E reinveste na própria Cidade. As grandes redes, não. À tarde, o carro forte vem e leva embora tudo que foi arrecadado no dia. Elas geram emprego, sim, mas é uma outra categoria”.
Arquiteto e urbanista, o santista Carriço considera que a classe A deverá optar por manter seus trabalhos e negócios em Santos, mas poderá preferir morar na Pérola do Atlântico a partir do conforto oferecido pelo futuro túnel sob o Estuário.
“A tendência é que a classe A passe a ocupar os espaços hoje ocupados pela classe média. Isso levará a classe média para as áreas hoje ocupadas pelo mais pobres. E esse movimento poderá expulsar os pobres”, projeta Carriço.
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“Os estudos relacionados ao túnel desenvolvidos pelo (Governo do) Estado deveriam levar isso em consideração”, completa o arquiteto, que integra o grupo de pesquisas científicas BRCidades, que propõe soluções urbanísticas diversas para os municípios brasileiros.
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