Cotidiano

Cracolândia vira 'tela' para artista plástico Kobra

Nesta terça-feira, 14, na calçada da Rua Helvétia, região conhecida como Cracolândia, no centro, ele inicia a série com a qual pretende "mostrar questões da cidade como se usasse uma lupa"

Publicado em 14/07/2015 às 11:52

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Dez intervenções artísticas em dez dias. Eis o resumo de São Paulo: Uma Realidade Aumentada, novo projeto do artista plástico Eduardo Kobra. Nesta terça-feira, 14, na calçada da Rua Helvétia altura do número 64, no bairro de Campos Elísios, região conhecida como Cracolândia, no centro, ele inicia a série com a qual pretende "mostrar questões da cidade como se usasse uma lupa".

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Autor de mais de 40 murais em São Paulo - e dezenas de outros espalhados por cidades mundo afora -, Kobra pretende inovar com esse projeto. Primeiro, porque vai escancarar a realidade de São Paulo - começando já pela Cracolândia. "A ideia é ampliar o foco para essas questões, mostrar que os problemas podem ser revertidos", afirma o artista.

Além disso, a série traz um elemento muito caro aos dias de hoje: a interatividade. O endereço da obra seguinte, por exemplo só será divulgado na véspera (pelas redes sociais do artista, o Instagram @kobrastreetart e o Facebook /Eduardo-Kobra). Transeuntes serão incentivados a colaborar nas criações, seja palpitando, seja colocando a mão na massa - ou melhor, no spray.

"Estou amadurecendo essa ideia há quase dois anos. Envolve uma logística complicada, porque a minha ideia era fazer dez obras em dez dias e em pontos diferentes de São Paulo", relata Kobra. Sem patrocínio, a logística envolve o trabalho de uma equipe de dez pessoas, além do próprio artista. Se chover em algum dia, a ação prevista terá de ser adiada para a data seguinte.

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Autor de mais de 40 murais em São Paulo - e dezenas de outros espalhados por cidades mundo afora -, Kobra pretende inovar com esse projeto (Foto: Divulgação)

Para esta terça-feira, na Cracolândia, Kobra vai expor nove de suas telas mais conhecidas - as mesmas que recentemente integraram exibição em Roma. São releituras de personalidades que "contribuíram para um mundo melhor", como John Lennon, Malala, Albert Einstein e Nelson Mandela.

Além delas, haverá também duas telas em branco - em uma, o artista fará uma pintura às vistas do público; em outra, dependentes químicos da região e eventuais pedestres poderão criar, sob supervisão e orientação de Kobra. Em seguida, de forma coletiva, eles vão produzir uma obra em um muro já pré-selecionado no local.

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Beneficência

Uma das telas será leiloada em benefício ao programa De Braços Abertos, implementado há mais de um ano pela Prefeitura para tentar recuperar os usuários de crack que vivem na região. O pregão será realizado online, pela Galeria Victor Hugo, no dia 27.

A participação de dependentes químicos foi uma premissa do projeto, segundo Kobra. "Em minha equipe tenho um ex-usuário de crack", conta ele. "Acredito que a arte pode apresentar um novo caminho para essas pessoas."

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Tal roteiro não será o mesmo nos dias seguintes. "Estou planejando vários tipos de intervenções, algumas com formatos variados", despista Kobra. Em comum, apenas essa possibilidade de interação com o público. E, claro, o viés provocativo. "Em geral, minha obra sempre exalta a beleza", comenta o artista plástico. "Desta vez, faço uma série com um convite à reflexão."
 

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