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Uma onda de violência se alastra pela região autônoma de Xinjiang, no oeste da China, e já deixou pelo menos 35 mortos, inclusive dois policiais. Nessa sexta-feira, o governo chinês publicou nota oficial com poucas informações sobre as manifestações, qualificando de "ataque terrorista" o ato ocorrido na quarta-feira, em uma rua de pedestres na cidade de Hotan. A região é composta por uma minoria da etnia uigur que entrou em conflito com a maioria han.
Uma moradora de rua, que preferiu não se identificar por medo de represálias do governo, disse que viu um jovem manifestante ateando fogo em uma rua de pedestres perto da Praça Tuanjie, também chamada de Praça da União. Policiais armados ordenaram que os moradores permanecessem em casa e que os comerciantes fechassem suas lojas cedo.
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Além disso, a área em volta da praça foi cercada, segundo afirmou um lojista identificado apenas como Jia. "Vi vários carros da polícia e do Exército seguindo para aquela direção. Eles nos mandaram fechar as lojas e ir para casa porque era perigoso permanecer lá", contou. Jia disse que o sinal de celular na região foi interrompido por algumas horas durante a tarde e que não era possível ligar nem mesmo para agências governamentais.
Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, na manhã de quarta-feira assaltantes armados com facas atacaram delegacias, prédios públicos e canteiros de obras, símbolos do domínio e da influência da etnia han na cidade-condado de Turpan, deixando 35 mortos. Dilxat Raxit, porta-voz do Congresso Mundial Uigur, contestou a versão oficial e afirmou que os moradores foram impedidos de entrar nas mesquitas para as orações e que a polícia invadiu casas durante a noite, desencadeando os conflitos.
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Não foi possível confirmar a versão verdadeira, no entanto fotos divulgadas pela imprensa mostraram viaturas e prédios públicos em chamas e corpos de vítimas no chão. "Sem dúvida, isso foi um ataque terrorista. As autoridades locais estão investigando para achar os responsáveis", disse, nesta sexta-feira, o porta-voz do Ministério do Exterior chinês.
Segundo o jornal The Global Times, a polícia reforçou a segurança na região e implantou postos de controle ao longo dos 30 km da estrada para Lukqun e, apesar de desaconselhar repórteres a seguirem para a região, orientam sobre os procedimentos de segurança.
As agências de notícias locais não citaram as questões étnicas envolvidas no ataque nem explicaram o que poderia ter motivado os conflitos em uma região em que prevalece o idioma turco e onde os uigures reclamam de repressão e discriminação. Os ataques de quarta-feira foram uns dos episódios mais sangrentos desde 2009, quando manifestações em Urumqi, capital da região, deixaram quase 200 mortos.
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Xinjiang abriga uma imensa população muçulmana em uma região que faz fronteira com a Ásia Central, Afeganistão e Paquistão. A aérea foi palco de inúmeros atos de violência nos últimos anos. Críticos atribuem a violência, inclusive as últimas mortes, à política opressiva e discriminatória de Pequim. Além disso, muitos uigures reclamam que as autoridades impuseram sérias restrições culturais e religiosas. O governo chinês alega que investiu bilhões de dólares na modernização da região, que é rica em petróleo e gás, e que trata os diversos grupos étnicos chineses da mesma forma.