Cotidiano

Como um casal de periquitos salvou mais de mil aves nativas no Litoral de SP; entenda

A ASM Cambaquara é uma entidade reconhecida pela Secretaria de Meio Ambiente desde 2014

Da Reportagem

Publicado em 27/06/2024 às 09:32

Atualizado em 27/06/2024 às 09:37

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A ênfase da instituição é na conservação do Papagaio-moleiro, ave símbolo do município.  / Divulgação/Prefeitura de Ilhabela

Reconhecida como um importante local de avistamento de aves, a cidade de Ilhabela conta com diversos pássaros, como o Saíra-sete-cores, o Tiê-sangue e mais de 300 espécies catalogadas. As aves mais comuns de serem encontrados voando acima das residências e pousadas nas árvores, no entanto, são os periquitos, maritacas e papagaios, que anunciam sua presença com uma algazarra inconfundível.

A interação destes animais no ambiente urbano debilita todos os anos centenas de aves. Elas acabam precisando de cuidados especiais para que possam ser reintroduzidas ao seu habitat. Esse é o objetivo da Área de Soltura Monitorada (ASM) Cambaquara. 

A principal estrela da ASM Cambaquara é o Papagaio-moleiro, ave símbolo do município de Ilhabela e que se encontra na lista de espécies em risco de extinção no Estado de São Paulo. 

A necessidade de conservação dessa espécie torna o trabalho da instituição ainda mais importante, pois além dos cuidados ainda registra os hábitos, alimentação e a interação com outros animais da floresta e os urbanos.
 

Amor sem asas

Em 2008, um periquito-rico fêmea (também chamado de Periquito-verde) apareceu com a asa quebrada no portão do casal Silvana Davino e Pablo Federico Melero, fundadores da instituição, que, até então, nunca tinha se envolvido em projetos de preservação da fauna ou tratamento de aves.

Após outro periquito começar a visitá-la, surgiu a necessidade de criar um viveiro que servisse aos dois, onde o macho poderia entrar e sair livremente, e ela, por estar machucada, não pudesse sair e ser exposta.

Ao longo dos anos, os pássaros tiveram mais de 60 filhotes em mais de 14 ninhadas, o que gerou a necessidade de um viveiro maior.

Em 2014, com o avanço dos trabalhos, os responsáveis pelo projeto correram atrás e legalizaram o local na Secretaria de Meio Ambiente como uma Área de Soltura Monitorada.

Em 2024 a ASM Cambaquara já reabilitou cerca de 1.100 aves, entre elas tucanos, papagaios, maritacas e periquitos.

A Instituição

A ASM Cambaquara é uma entidade reconhecida pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo desde 2014 e recebe recursos financeiros da Prefeitura de Ilhabela através das Secretaria Municipal de Meio Ambiente para a preservação da fauna silvestre nativa, com foco na soltura, reabilitação e reintrodução de espécimes apreendidas de cativeiro irregular, resgatadas de acidentes ou por meio de entregas voluntárias de populares.

As espécie da família dos psitacídeos (papagaios, periquitos e maritacas) e ranfastídeos (tucanos e araçaris), vítimas principalmente de colisões em vidros, mordidas de cães e gatos, cativeiro irregular, maus-tratos e até tiros de chumbinho são os principais alvos da reabilitação.

A ênfase da instituição é na conservação do Papagaio-moleiro (Amazona farinosa), ave símbolo do município. 

Conheça os procedimentos para a preservação de aves:

1 – As aves recebidas são examinadas, marcadas com anilhas, com o objetivo de facilitar a identificação futura. Os cuidados com alimentação, saúde e higiene são mantidos e dependendo do histórico de cada indivíduo, esse período pode durar de 2 meses a 2 anos;
2- As aves são treinadas para atender quatro requisitos básicos para sobreviverem em vida livre: voar bem, identificar alimentos na natureza, fugir de predadores e ter medo do ser humano. O grupo é treinado e avaliado até a soltura;
3 – O “Soft-realese”, ou “soltura branda” é realizado por meio de um janelão dentro de um recinto aberto. As aves têm à liberdade de sair e voltar quando quiserem. A alimentação é contínua, tanto fora como dentro do recinto;
4 - Após a soltura, as aves são acompanhadas e monitoradas durante 7 dias seguidos em dois horários, quando são colocados os alimentos nos comedouros externos;
5 - Palestras de Educação Ambiental são feitas nas escolas, incentivando os alunos a conhecer da fauna silvestre de Ilhabela, com atividades lúdicas para incentivá-los na preservação da fauna local;
6 - Oficinas de Educação Ambiental com crianças e jovens como uma forma de trabalhar de uma forma prática, oferecendo uma vivência fora da sala de aula estimulando uma nova maneira de pensar e criar.

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