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As portas de aço das Casas Bahia na frente do Theatro Municipal loja sempre cheia de consumidores, estavam abaixadas - cena impensável às 11 horas de um dia útil. A situação era vista por todo o corredor da Rua Barão de Itapetininga, alastrando-se pelas transversais - Conselheiro Crispiniano, Marconi e Dom José de Barros - e pelas paralelas 24 de Maio e 7 de Abril. Tudo fechado. Não parecia uma terça-feira em pleno horário comercial. O medo havia tomado conta do centro da capital paulista, que chegou a registrar alguns arrastões.
Bancas de revista, lanchonetes, docerias, a Galeria do Rock, o Shopping Light... Não havia onde entrar na terça-feira, 16, de manhã, durante a confusão iniciada pelo confronto entre Polícia Militar e manifestantes durante reintegração de posse na Avenida São João. Bombas de efeito moral dos policiais e golpes com barra de ferro (de parte dos manifestantes, em portas fechadas) assustavam quem foi surpreendido e passava pelas ruas da região.
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O aposentado Antonio Louro, de 76 anos, procurava a entrada da Estação República do Metrô, no meio da confusão, quando uma bomba de efeito moral estourou ao lado de sua perna. Lacrimejando e desnorteado, ele buscava algum abrigo em meio ao comércio fechado da Barão de Itapetininga. “Eles (policiais) arremessaram a bomba sem nem ver em quem estavam jogando.” Naquela rua, porém, não havia refúgio aberto.
Arrastões
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Mesmo fechadas, duas lojas de telefonia celular - uma da Claro, outra da Oi -, na Barão de Itapetininga, foram saqueadas durante a confusão. Celulares e monitores acabaram furtados e as portas, arrombadas. Funcionários ouvidos horas depois do incidente ainda não tinham calculado o prejuízo dos dois arrastões. Fachadas de outros estabelecimentos comerciais apareceram quebradas - a loja do McDonald’s na Barão teve uma das três portas de aço toda amassada.
Por volta das 9 horas, a maioria dos estabelecimentos permanecia fechada. Com o avanço da Tropa de Choque, atirando a esmo bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, os comerciantes mantiveram-se trancados dentro das lojas. “Mesmo assim, o gás lacrimogêneo conseguiu entrar. E aqui dentro tinha duas clientes grávidas, sem ter como sair. Todo mundo quase desmaiou com aquele cheiro”, disse Marlene Marques, de 46 anos, atendente de uma farmácia. Outros comerciantes e consumidores relataram cenas semelhantes.
O mecânico Francisco Ferreira da Silva, de 38 anos, comia um sanduíche em uma lanchonete quando uma bomba de gás da polícia explodiu na porta. “Foi fumaça para todos os lados. Uma das atendentes passou mal.” Dois dos mais tradicionais centros de compras da região, o Shopping Light e a Galeria do Rock, passaram diversas horas fechados ao público. Somente por volta das 12 horas, algumas lojas começaram a reabrir no centro, para depois fecharem de novo, com a volta dos tumultos no fim da tarde.
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