Larissa Tavolaro Ferreira comanda há 15 anos a travessia de balsas entre São Sebastião e Ilhabela / Divulgação
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Ao ser convidada por uma amiga para realizar um curso de Moço de Convés nas balsas São Sebastião e Ilhabela, em 2009, Larissa Tavolaro Ferreira não esperava que iria trilhar um caminho marcante. Depois de uma longa jornada, ela se tornou a primeira mulher a ser comandante das embarcações que existem entre os municípios desde 1958.
Motivada pelo seu tio e ex-comandante, Domingos Tavolaro Netto, que cresceu acompanhando e admirando o quanto ele gostava da profissão, Larissa começou sua trajetória após ser aprovada no exame para Moço de Convés.
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Graças à amizade que havia feito com colegas da época do curso (que também foram aceitos) e ao bom desempenho, Larissa conseguiu o aval do próprio coordenador operacional da Dersa, Valdecir Ribeiro.
"Ela vai ser a nossa primeira mulher e darei o meu voto de confiança", recorda Larissa sobre a fala de seu superior que foi contra a decisão das outras partes.
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Dois anos depois de ser aceita, ela mudou para o cargo de Marinheiro de Convés. Como nem tudo são flores, diante deste cenário dos sonhos, ela vivenciou situações desconfortáveis pelo fato de ser a única presença feminina em um ambiente totalmente masculino.
"Cheguei a ser bastante discriminada, pois muitos tinham preconceito por ser uma mulher assumindo esta função", comenta. "Sou caiçara, criada com pescadores e não tive dificuldades com o trabalho, pois sempre foi meu sonho trabalhar nesta área".
Após oito meses estudando e realizando provas em São Sebastião, em 2014, ela foi ao Rio de Janeiro por 45 dias para cursar no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA) e se tornar oficialmente uma comandante.
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"Hoje consigo um convívio ótimo com todos e eles entenderam que uma mulher pode fazer o que um homem faz", conta.
Assim como ela conseguiu tirar de letra esses momentos de discriminação, a comandante já viveu situações caóticas que viraram manchetes a nível nacional como o período intenso de chuvas e enchentes em São Sebastião, no começo de 2020.
"A travessia parava e voltava e para nós isso é um pouco normal, pois já estávamos acostumados com a instabilidade do tempo e condições climáticas".
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Houve ainda outro momento em que ela teve de não apenas controlar a embarcação, como o psicológico de seus colegas de trabalho e passageiros.
Durante o atracamento em Ilhabela, uma forte tempestade começou a comprometer a balsa.
"Começou às 4h da manhã, e por conta da forte chuva, os cabos de amarração da embarcação começaram a estourar e o motor estava fervendo acima dos 90ºC", recorda. "Fomos conseguir voltar para São Sebastião apenas 9h da manhã".
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Há 15 anos na função, a comandante afirma que já vivenciou várias situações engraçadas, pois além de ter feito amizade e fãs, já chegou até mesmo a ganhar presentes e pedidos de fotos.
Pilotando durante seis horas diárias os ferry boats e lanchas, ela é totalmente grata pela força não apenas vindo pelos cidadãos do município, mas principalmente dos seus familiares.
"Meu marido foi forte e guerreiro, me incentivou a passar por todas estas barreiras, junto dos nossos dois filhos. Me sinto totalmente realizada profissionalmente".
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