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O capitão do navio Costa Concordia, naufragado em 2012 na costa da Itália, Francesco Schettino, acusou hoje (23), em tribunal, o timoneiro da embarcação - o indonésio Jacob Rusli Bin - de provocar o acidente que matou 32 pessoas.
“Eu queria desacelerar o navio, mas o timoneiro não cumpriu as minhas ordens corretamente”, disse Schettino, em um tribunal em Grosseto, onde hoje recomeçou o processo em que é acusado de homicídio por negligência e abandono do navio.
“Ele navegou na direção errada e nos chocamos”, informou, segundo relatos da imprensa italiana, acusando Jacob Rusli Bin de ter cometido um erro que provocou um atraso fatal na alteração de rota do navio.
Segundo o comandante, que pediu ao tribunal para ser ouvido depois do depoimento de um dos peritos que investigaram o acidente, “não fosse o atraso e o erro, o navio teria parado”.
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O almirante Giuseppe Cavo Dragone, o perito que Schettino quis rebater e que liderou a equipe que analisou a caixa-preta do navio, refutou a alegação de que Rusli Bin foi responsável. “O timoneiro atrasou 13 segundos para cumprir a ordem, mas o impacto teria acontecido de qualquer maneira”, explicou.
Schettino é acusado de navegar de forma muito rápida e muito próxima da Ilha de Giglio, na região da Toscana, em uma manobra arriscada para impressionar os passageiros com uma saudação aos residentes da ilha.
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A defesa do comandante pediu hoje ao tribunal que autorize a ida de peritos a bordo dos destroços para determinar se problemas técnicos contribuíram para o desastre.
“Agora é possível fazer uma inspeção a bordo do Concordia. Partes do navio estão acima do nível da água e esse trabalho pode ser feito”, disse o advogado Francesco Pepe à jornalistas, na saída do tribunal. O navio foi desvirado na semana passada, vinte meses depois do acidente.
O pedido dos advogados de defesa de Schettino parte de relatos publicados após o acidente, segundo os quais alguns mecanismos de segurança do navio não funcionaram, agravando a situação.
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“Só poderemos descobrir a verdade e compreender o que se passou depois de uma nova inspeção de aparelhos como geradores de emergência, portas estanques e lanchas salva-vidas”, disse o advogado.
Schettino, que recebeu na imprensa o apelido de “capitão covarde” por ter aparentemente desembarcado do navio quando ainda havia passageiros a bordo, pode ser condenado a 20 anos de prisão.
O navio de 290 metros, com 4.229 pessoas a bordo, se chocou contra rochas próximo à Ilha de Giglio na noite de 13 de janeiro de 2012, matando 32 pessoas.
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O capitão, de 52 anos, insiste que a empresa proprietária do navio, a Costa Crociere, a maior operadora de cruzeiro da Europa, deve assumir parte da culpa pelas mortes, uma vez que algumas das vítimas foram forçadas a mergulhar nas águas geladas devido a problemas no lançamento dos barcos salva-vidas.
O advogado da empresa, Marco De Luca, disse hoje aos jornalistas que a primeira avaliação do navio por peritos, feita antes do início do julgamento, foi “exaustiva”, mas que cabe ao tribunal decidir se é necessária uma nova investigação.
Em julho, o timoneiro Jacob Rusli Bin foi condenado a um ano e oito meses de prisão pelo seu papel no acidente. Mais quatro acusados, incluindo o diretor do gabinete de crise da empresa proprietária do navio, também foram condenados a penas inferiores a três anos, o que implica penas suspensas.
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