Cotidiano

Codesp é alvo de suposta fraude trabalhista

Sob pretexto de 'serviço externo', guardas estariam trabalhando em outros locais, mas mantendo salário da Codesp

Carlos Ratton

Publicado em 12/06/2019 às 07:00

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Codesp é alvo de mais uma denúncia nos MPs e Tribunal de Contas da União. Agora, referente a fraude no ponto / Nair Bueno/DL

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Os ministérios públicos Estadual e Federal e o Tribunal de Contas da União (TCU) receberam, simultaneamente, uma denúncia de suspeita de fraude no ponto de 29 guardas portuários da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). A fonte que enviou o documento ao Diário do Litoral revela que os órgãos já estão solicitando documentos oficiais à Direção da autoridade portuária. Os guardas estariam exercendo outras atividades no horário de trabalho, mas recebendo seus salários normalmente.

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A questão envolve o procedimento denominado "serviço externo". Segundo denúncia, os guardas, por autorização das então gerências de Operações e de Inteligência, deixariam de registrar o ponto eletrônico biométrico, que prevê seis horas diárias por turno de revezamento durante cinco dias por semana e garante adicionais, horas extras e o descanso semanal, para ficarem livres em outras funções desligadas da Guarda Portuária como, por exemplo, trabalhar na Polícia Civil.

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"Ocorre que os guardas estão exercendo jornadas que não existem no contrato de trabalho, todas durante o dia, e inferior a 24 dias trabalhados/mês e com finais de semana e feriados livres, não tendo direito a adicionais, mas os recebendo como se turno fizessem", revela o denunciante, relacionando todos os guardas nessa situação e solicitando aos MPs e TCU que solicitem os registros biométricos, escalas de trabalho e comprovantes de pagamento para provar a "fraude".

Para o denunciante, o "serviço externo" nada mais é do que pagamento de vantagens indevidas, para manutenção de um círculo vicioso de poder e permanência no cargo, demonstrando total incapacidade e desídia com a coisa pública. "Gostaria que todos os valores (salários pagos indevidamente) fossem devolvidos e os integrantes sejam responsabilizados pelo total desrespeito com os demais trabalhadores da Codesp", finaliza o denunciante.

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Sem curso

Não é a primeira vez que são denunciados problemas envolvendo a Guarda Portuária. Conforme publicado em abril último, ao assumir a Superintendência da Guarda, o ex-militar Luis Fernando Baptistella não tinha o Curso Especial de Supervisor de Segurança Portuária, conforme preconiza a Portaria 350, de 1º de outubro de 2014, da Secretaria dos Portos. Portanto, não poderia ter assumido o cargo. Na ocasião, a a Codesp confirmou a informação.

Para exercer a superintendência da Guarda, Luis Baptistella teria que cumprir o que preconiza a Constituição da Unidade de Segurança, que prevê a organização e as ações de formação, aperfeiçoamento e capacitação específica e continuada da Guarda Portuária. O curso tem ainda que ser atualizado conforme resolução específica da Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis - Conportos. E ele ainda teria que ter experiência mínima de cinco anos devidamente comprovada na área de segurança.

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Procurada, a Codesp informou que a realização do curso prevê que o candidato tenha vínculo empregatício com a companhia e que Luis Fernando Baptistella faria o referido curso, destacando que o currículo do comissionado e sua experiência em temas como ISPS Code, inteligência e contrainteligência, entre outros, são superiores à qualificação exigida pela Portaria nº 350.

Sobre a questão da suposta fraude, informou que não recebeu qualquer solicitação dos órgãos citados. "Destacamos que a empresa tem envidado esforços no sentido de coibir práticas incorretas com o compromisso de adotar todas as medidas administrativas no caso de procedência de tal denúncia, em linha com as melhoras práticas de governança e atendimento ao interesse público. 

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