Cotidiano

Cocaína já contamina os peixes do mar do Litoral de SP; entenda por quê

A droga passou a se concentrar na região desde 1930 e o aumento do uso e o crescimento do tráfico são apontados como fatores que contribuíram para a contaminação

Da Reportagem

Publicado em 09/06/2024 às 16:04

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O entorpecente causa graves efeitos toxicológicos em animais como mexilhões-marrons, ostras de mangue e peixes / Rodrigo Montaldi/Arquivo DL

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Os peixes do mar do Litoral de SP, especificamente da Baía de Santos, já estão sendo contaminados pela cocaína. É isso mesmo. A droga está presente não só na água, mas também em sedimentos e organismos marinhos em toda a região da Baixada Santista. A cocaína passou a se concentrar na região desde 1930 e o aumento do uso de drogas e o crescimento do tráfico no País são apontados como fatores que contribuíram para a contaminação dos peixes.

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O entorpecente causa graves efeitos toxicológicos em animais como mexilhões-marrons, ostras de mangue e peixes, de acordo com resultados de análises realizadas em laboratório por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Por isso, passou a ser considerada um contaminante emergente preocupante.

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• Cocaína acumulada na Baía de Santos desde 1930 já contamina os peixes

• Pesquisa encontra contaminação por cocaína e remédios na baía de Santos

“A cocaína hoje é, de fato, um contaminante da baía de Santos. Encontramos contaminação pela droga espalhada por toda a região”, afirmou Camilo Dias Seabra, professor da Unifesp.

Começou em 1930

De acordo com Seabra, a partir de estudos, estima-se que a cocaína passou a se acumular no estuário de Santos a partir da década de 1930, mas as concentrações da droga na região saltaram nas últimas décadas.

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Outro problema é a falta de tratamento de esgoto na região.

“O esgoto sem tratamento pode estar relacionado com as altas concentrações de cocaína que encontramos na baía de Santos. Mas também temos um problema de saúde pública na região, relacionado ao uso de crack e outras drogas, e de segurança pública. É um cenário complexo para entendermos melhor os riscos ambientais e sociais envolvidos”, avaliou.

Primeira vez

O pesquisador, em colaboração com colegas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Santa Cecília (Unisanta), identificou, em 2017, pela primeira vez, o acúmulo de cocaína e de outras substâncias derivadas de remédios em água superficial na baía de Santos e efeitos biológicos em concentrações ambientalmente relevantes.

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Remédios

Os pesquisadores encontraram em amostras de água coletadas na região ibuprofeno, paracetamol e diclofenaco, entre outros medicamentos, além de cocaína em concentração equivalente à da cafeína – um indicador tradicional de contaminação porque, além de ser consumida por meio de bebidas como café, chá e refrigerantes, está presente em vários medicamentos.

“É uma concentração enorme de cocaína se imaginarmos o consumo de cafeína”, comparou Seabra. “Essas descobertas foram muito surpreendentes”, avaliou.

 

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