Cotidiano
As pauladas destruíram o crânio da serpente que morreu no local, bem no cruzamento de uma avenida de terra de um bairro pobre
Cobra d'água foi morta a pauladas em Peruíbe / Márcio Ribeiro/DL
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Era uma tarde de calor quando uma simples Cobra d’água cruzava uma rua em busca de alimentos para os seus filhos, muito provavelmente. Sim, pelo tamanho dela, poderia estar com filhotes por perto.
Aliás, o que tem de mais cruzar uma rua de terra perto de casa, já que essa cobra não possui veneno e só está cuidando de existir, assim como todos os seres vivos buscam fazer diariamente? Trabalhar e buscar o seu alimento, isto é, a correria do dia a dia.
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Assim fazem os beija-flores quando procuram o néctar, as abelhas, as minhocas, os pássaros, o seu gato quando esfrega o rabo em você, o seu cachorro quando pula no seu colo, o seu Zé da esquina e também a simples Cobra d’agua, por que não?
E lá se foi a cobra cruzar um terreno baldio para o outro. Muito provavelmente, ela se certificou de não ter humanos por perto, pois tenha a certeza que ela morre de medo de você. Ela não quer encontrá-lo pelo caminho de maneira alguma.
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Mas foi só ela cruzar a rua de terra que apareceu um ser humano em seu caminho. O que fazer? Voltar? Seguir em frente? Fugir? Nada foi suficiente.
O ser humano ‘racional’ encontrou logo um pedaço de madeira e desferiu golpes violentos em sua cabeça, sem deixar qualquer chance de defesa.
As pauladas destruíram o crânio da serpente que morreu no local, bem no cruzamento de uma avenida de terra de um bairro pobre de Peruíbe.
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E, como exemplo para as outras, o corpo dela ficou lá, torrando ao sol para que todos pudessem ver o cadáver da cobra, considerada por muitos como um bicho cruel e maldoso que merece mesmo a morte.
Situação que lembra muito as piores histórias da humanidade, do tipo apedrejamento em praça pública.
Hoje, uma cobra não voltou para o seu lar, mas um ser humano racional dormiu tranquilo e feliz com a sua valentia.
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Obs: O animal foi encontrado sem vida e o seu assassino não foi localizado.
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