Cotidiano
O ex-presidente dos Estados Unidos elogiou a postura do governo da presidente Dilma Rousseff diante dos protestos e tentou traçar um paralelo com a Síria
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Em visita ao Brasil, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton declarou que o País conquistou um grande avanço na redução da desigualdade na última década. Clinton apontou o sucesso dos programas Bolsa Família e Bolsa Escola, além do esforço na concessão de crédito para aumentar a inserção de alunos em instituições de ensino superior privadas.
"Nos últimos dez anos, na América Latina, nós observamos um crescimento surpreendente. Apesar da crise financeira de 2008, 70 milhões de pessoas dessa região saíram do que o Banco Mundial classifica como pobreza extrema, e 50 milhões passaram para a classe média. Entre as grandes economias emergentes na última década, apenas Brasil e México mostraram queda da desigualdade. Ainda assim, um progresso foi alcançado. A grande pergunta aqui é como acelerar o crescimento econômico?", ressaltou o americano, durante o Clinton Global Initiative Latin America, no Rio.
O evento reuniu autoridades e executivos, além da presidente Dilma Rousseff. Em frente ao hotel que sediava o evento, uma dezena de manifestantes protestava contra a presença do americano no País. Durante a mesa que conduzia sobre investimentos em infraestrutura, o ex-presidente lembrou das manifestações que movimentaram o Brasil no meio do ano.
Clinton elogiou a postura do governo da presidente Dilma Rousseff diante dos protestos e tentou traçar um paralelo com a Síria. Segundo ele, ao contrário do governo sírio, o governo brasileiro reconheceu as demandas dos manifestantes e chamou a população para combaterem juntos os problemas apresentados.
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"Na Síria, essa guerra civil horrível começou com pessoas manifestando nas ruas, pedindo mais liberdade, maior oportunidade econômica. O governo decidiu reagir atirando nas pessoas, prendendo", disse. "A coisa mais importante foi que a resposta de seu presidente (Dilma) foi que sim, vocês levantaram questões importantes aqui, ainda há muita desigualdade, precisamos justificar os investimentos, precisamos combater a corrupção. A resposta foi 'vamos combater isso juntos'. Há uma diferença dramática que cada cidadão nesse País deve se orgulhar", acrescentou o americano.
Apesar dos elogios ao governo Dilma, Clinton reconheceu que ainda há no Brasil carências na área de infraestrutura. O americano acredita que a América Latina se beneficiaria se houvesse um esforço dos governos para facilitar o investimento do setor privado em infraestrutura.
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"O Brasil tem certas necessidades de infraestrutura que não foram atendidas ainda", apontou Clinton, para quem a Austrália é um bom exemplo de uma política para conduzir o investimento privado em infraestrutura que beneficia a economia e a população
A secretária executiva da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe, Alicia Bárcena, afirmou que há diferenças dramáticas nas taxas de investimentos dos países da região. "O investimento é novo paradigma na região. As taxas de investimento sempre foram muito baixas, agora está em torno de 22%. Acho que o setor privado não tem participado, muitas vezes pela falta de consciência. As pessoas estão com mais renda, compraram mais coisas, mas ao sair para a rua não têm bem público", apontou Alicia.
Na avaliação de Ricardo Villela Marino, vice-presidente executivo do Itaú Unibanco, que também participou do fórum, o Brasil ainda tem uma longa estrada a percorrer, embora esteja no caminho certo. "Muito já foi feito nos últimos anos, reduzimos inflação, aumentamos salário. Temos uma parceria público-privado e sabemos que aumentar investimentos em infraestrutura é um ponto de amadurecimento aqui no Brasil. Ainda temos muito para aumentar nossa participação. A boa notícia é que o governo está lançando programas de reforma e regimes de concessão, financiados pelo BNDES e pelo setor privado. Com essa parceria nós podemos ajudar", acredita Marino.
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