Cotidiano

Clinton diz que Brasil conquistou grande avanço na redução da desigualdade

O ex-presidente dos Estados Unidos elogiou a postura do governo da presidente Dilma Rousseff diante dos protestos e tentou traçar um paralelo com a Síria

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 09/12/2013 às 23:39

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Em visita ao Brasil, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton declarou que o País conquistou um grande avanço na redução da desigualdade na última década. Clinton apontou o sucesso dos programas Bolsa Família e Bolsa Escola, além do esforço na concessão de crédito para aumentar a inserção de alunos em instituições de ensino superior privadas.

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"Nos últimos dez anos, na América Latina, nós observamos um crescimento surpreendente. Apesar da crise financeira de 2008, 70 milhões de pessoas dessa região saíram do que o Banco Mundial classifica como pobreza extrema, e 50 milhões passaram para a classe média. Entre as grandes economias emergentes na última década, apenas Brasil e México mostraram queda da desigualdade. Ainda assim, um progresso foi alcançado. A grande pergunta aqui é como acelerar o crescimento econômico?", ressaltou o americano, durante o Clinton Global Initiative Latin America, no Rio.

O evento reuniu autoridades e executivos, além da presidente Dilma Rousseff. Em frente ao hotel que sediava o evento, uma dezena de manifestantes protestava contra a presença do americano no País. Durante a mesa que conduzia sobre investimentos em infraestrutura, o ex-presidente lembrou das manifestações que movimentaram o Brasil no meio do ano.

Clinton elogiou a postura do governo da presidente Dilma Rousseff diante dos protestos e tentou traçar um paralelo com a Síria. Segundo ele, ao contrário do governo sírio, o governo brasileiro reconheceu as demandas dos manifestantes e chamou a população para combaterem juntos os problemas apresentados.

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Bill Clinton declarou que o País conquistou um grande avanço na redução da desigualdade na última década (Foto: Associated Press)

"Na Síria, essa guerra civil horrível começou com pessoas manifestando nas ruas, pedindo mais liberdade, maior oportunidade econômica. O governo decidiu reagir atirando nas pessoas, prendendo", disse. "A coisa mais importante foi que a resposta de seu presidente (Dilma) foi que sim, vocês levantaram questões importantes aqui, ainda há muita desigualdade, precisamos justificar os investimentos, precisamos combater a corrupção. A resposta foi 'vamos combater isso juntos'. Há uma diferença dramática que cada cidadão nesse País deve se orgulhar", acrescentou o americano.

Apesar dos elogios ao governo Dilma, Clinton reconheceu que ainda há no Brasil carências na área de infraestrutura. O americano acredita que a América Latina se beneficiaria se houvesse um esforço dos governos para facilitar o investimento do setor privado em infraestrutura.

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"O Brasil tem certas necessidades de infraestrutura que não foram atendidas ainda", apontou Clinton, para quem a Austrália é um bom exemplo de uma política para conduzir o investimento privado em infraestrutura que beneficia a economia e a população

A secretária executiva da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe, Alicia Bárcena, afirmou que há diferenças dramáticas nas taxas de investimentos dos países da região. "O investimento é novo paradigma na região. As taxas de investimento sempre foram muito baixas, agora está em torno de 22%. Acho que o setor privado não tem participado, muitas vezes pela falta de consciência. As pessoas estão com mais renda, compraram mais coisas, mas ao sair para a rua não têm bem público", apontou Alicia.

Na avaliação de Ricardo Villela Marino, vice-presidente executivo do Itaú Unibanco, que também participou do fórum, o Brasil ainda tem uma longa estrada a percorrer, embora esteja no caminho certo. "Muito já foi feito nos últimos anos, reduzimos inflação, aumentamos salário. Temos uma parceria público-privado e sabemos que aumentar investimentos em infraestrutura é um ponto de amadurecimento aqui no Brasil. Ainda temos muito para aumentar nossa participação. A boa notícia é que o governo está lançando programas de reforma e regimes de concessão, financiados pelo BNDES e pelo setor privado. Com essa parceria nós podemos ajudar", acredita Marino.

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