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Este ano Guarujá comemorou o Dia do Circo, na última quinta-feira (27), com a presença do Circo Stankowich na Cidade, com toda a sua estrutura, composta de 17 carretas e 15 trailers, instalada no estacionamento do Ginásio Marivaldo Fernandes (Guaibê). O tradicional Circo Stankowich vem passando de geração em geração a 172 anos. A que está atualmente no Guarujá, tem como diretor Marcio Antônio Stankowich Junior, da sexta geração da família. Marcio é também um dos 62 artistas e técnicos que compõe o elenco do circo, ele é o mágico.
O espetáculo atual conta com números clássicos do mundo circense e além da mágica, tem o trapézio e acrobacias. Tudo isso com elementos modernos, como personagens de filmes atuais, o globo da morte e luzes de LED que interagem com os artistas durante o espetáculo. A secretaria administrativa do Stankowich, Karina Kelly Gomes, falou sobre esta atualização na tradição do circo.
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“Antigamente a tecnologia foi um grande vilão, as crianças preferiam ficar em casa jogando videogame que assistir a um espetáculo. Mas a família Stankowich optou por dar conforto, boa estrutura e números clássicos para continuar atraindo o público e concorrer com parques e shoppings”, contou.
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Segundo Karina, o mundo circense hoje está em boa fase, e deve isso a grandes incentivadores. Um dos mais importantes citados por ela é o da Prefeitura de Guarujá. Segundo ela, é a cidade mais receptiva que o Circo passa durante o ano, o que possibilita a parceria com a administração para realizar trabalhos sociais e de divulgação. “A Prefeitura recebe o Circo muito bem, então a parceria é feita de coração e da muito certo”.
Nessa parceria, o Circo confia a administração da Cidade um número de ingressos para ser distribuídos para a parcela mais carente da população. Este ano, os ingressos foram boa parte foi dedicada as vítimas do incêndio que atingiu a comunidade Vila da Noite, no bairro Cachoeira. “Desse modo, podemos dar acesso a todos os públicos, mesmo quem não tem condições de pagar pelo ingresso”, explicou Karina.
Karina valoriza também o espaço que a Prefeitura proporciona para a instalação do Circo. “Já chegamos estivemos em Municípios onde não tínhamos espaços para armar tudo, enquanto aqui a infraestrutura é muito boa”.
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Segundo Márcio, a boa recepção da Cidade e seu público é que faz o Circo Stankowich voltar sempre. “Já é a terceira vez que voltamos para cá, somos bem acolhidos pelo público”, contou ele.
Nascidos no Circo - O Dia do Circo foi criado em homenagem ao palhaço brasileiro Piolim e o dia 27 de março foi escolhido pois é a data de seu nascimento. Piolim comandou o espetáculo do Circo herdado por seu pai e realizou muitos trabalhos solidários. Ele faleceu aos 46 anos, no ano de 1973.
Piolim é um grande representante de um tipo de artísticas que mantém até hoje uma vida parecida com a que ele teve. Mesmo que com algumas mudanças que facilitam a vida itinerante, como o uso da tecnologia, o que a maioria tem em comum, é fazer parte do mundo circense desde o nascimento.
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O acrobata Moysés Julian de Aguiar Loeza nasceu e tem uma filha nascida no Circo, que já segue seus ensinamentos. E assim como os outros artistas, ele conta que nas famílias do Circo não há pressão para se tornar artista, a maioria começa a trabalhar nisso quando atingem a maturidade, pois o gosto pela arte circense é passada naturalmente. “É um dom ser artista, é preciso nascer com esse dom e eu já o vejo na minha filha”, ressalta.
Segundo a bambolista do Stankowich Thalissa Fabbri, também de família circense, a experiência no circo não precisa começar na convivência durante a infância. Ela conviveu com muitos artistas que vieram de cidades em que o circo parou e foram embora com ele.
Um exemplo disso é Loeza, em meio às viagens, ele conseguiu se formar em administração e encontrou sua esposa, que se juntou ao Circo com ele. “É uma vida normal, a única diferença é que nosso endereço muda todo mês”, explicou ele.
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As amizades que ficam nas cidades, podem ser mantidas com o auxílio da internet. Segundo Márcio Antônio Stankowich, os trailers possuem internet móvel para facilitar na comunicação.
Outra diferença citada por Thalissa é a curiosidade das pessoas sobre a vida do artista. “As primeiras semanas na escola mal dava para comer direito, pois os alunos se juntavam para saber tudo sobre a vida no circo”, contou ela.
Segundo ela, a mudança de cidades nunca atrapalhou os estudos. “Do mesmo jeito que em cada lugar vamos a um supermercado diferente ou pontos turísticos diferentes, em cada cidade vamos a escolas diferentes. Quando uma pessoa quer aprender, não há obstáculos. Tem gente que passa o ano todo na escola sem força de vontade e não aprende nada, eu tinha que aprender a cada três meses”.
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O palhaço do Circo, Rodrigo Garcia concorda. “Quando me perguntam como eu consigo viver viajando e mudando de cidade, eu pergunto de volta: 'E como você consegue viver no mesmo lugar e trabalhar com a mesma coisa todos os dias?'”.
Há dose anos trabalhando com o Circo Stankowich, Garcia conduz todo o espetáculo sem dizer uma palavra, se comunicando com o público utilizando expressões corporais, faciais e um apito. “Meu estilo é inspirado nos palhaços europeus, que não usam fala. É bom porque eu posso me apresentar em qualquer país e ser entendido”, conta ele.
Garcia conta que até já tentou largar a vida circense. A convivência com os animais no circo, na época que o uso deles nos espetáculos era legalizada, o fez perceber que gostava muito de animais e ele foi cursar veterinária. “Três anos depois eu senti falta do circo e resolvi voltar”.
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Estes e outros artistas estarão no Guarujá com o Circo Stankowich até o próximo domingo, dia 6 de abril.
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