Cotidiano

Cientista político avalia rompimento de Cunha com o governo

Segundo Antônio Testa, Eduardo Cunha é o terceiro na linha de sucessão presidencial e, por isso, exerce uma influência muito grande

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 17/07/2015 às 16:09

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O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já havia ameaçado romper com o governo da presidenta Dilma Rousseff se não fosse preservado na Operação Lava Jato, de acordo com avaliação feita hoje (17) pelo cientista político Antônio Flávio Testa. “Com o recrudescimento da crise e das dificuldades de relacionamento entre PMDB e PT, ele fez o anúncio de rompimento formal”, afirmou.

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Segundo Antônio Testa, Cunha é o terceiro na linha de sucessão presidencial e, por isso, exerce uma influência muito grande. "É a primeira vez que vejo um presidente da Câmara tão independente. Ele coloca em discussão projetos que não são de interesse do Executivo”, explicou. Para o cientista, ele pode, inclusive, colocar em discussão o processo de impeachment da presidente Dilma.

Testa esclareceu que a situação do governo e do presidente da Câmara não é das melhores. "As denúncias envolvendo o nome dele na Operação Lava Jato são muito negativas, porque, dentro do próprio PMDB, não há um consenso sobre sua atuação."

Para o cientista, Cunha pode, inclusive, colocar em discussão o processo de impeachment da presidente Dilma (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

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Na análise, Antônio Testa adiantou que agosto será um mês de crise na política e que questões das mais variadas podem vir à tona. "A Operação Lava Jato, dependendo do que for investigado e descoberto, pode trazer consequências nefastas para a política brasileira”, destacou.

Eduardo Cunha anunciou o rompimento com o governo a poucas horas de fazer um pronunciamento em cadeia nacional de TV, previsto para as 20h30 de hoje. O anúncio ocorreu um dia após ele ter sido citado pelo empresário Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato. Segundo depoimento, Cunha teria pedido R$ 5 milhões em propina.

Depois da decisão, o presidente da Câmara disse que, como político, tentará no Congresso do PMDB, em setembro, convencer a legenda a seguir o mesmo caminho. Cunha informou que, apesar da posição, manterá a condução da Câmara dos Deputados "com independência".

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Em depoimento ontem (16) ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, Júlio Camargo afirmou que o deputado recebeu US$ 5 milhões em propina para viabilizar um contrato de navios-sonda da Petrobras para a empresa Toyo Setal.

Hoje cedo, Cunha reafirmou que há uma tentativa por parte do governo de fragilizá-lo. "Está muito claro para mim que esta operação [Lava Jato] é uma orquestração do governo."

 

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