Cotidiano

Cientista política analisa panorama regional na Assembleia e na Câmara Federal

No Papo de Domingo, Clara Versiani crê que Região tem maiores chances de receber atenção estadual e analisa reforma ministerial do governo Dilma Rousseff

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 10/01/2015 às 22:42

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O ano de 2015 é de renovação nas esferas políticas estadual e federal para a Baixada Santista. Caio França (PSB) e Paulo Corrêa Júnior (PEN) assumem, pela primeira vez, um cargo no Legislativo paulista, que terá Márcio França (PSB), ex-prefeito de São Vicente, como vice-governador.

Já em Brasília, Beto Mansur (PRB) é o único representante da “velha guarda” da política regional, e terá a companhia de João Paulo Papa (PSDB) e Marcelo Squassoni (PRB).

Ao mesmo tempo, no âmbito federal, a presidente Dilma Rousseff (PT) promove uma grande reforma ministerial, promovendo nomes que não eram consenso pela cúpula petista.

Nesta edição do ‘Papo de Domingo’, a cientista política Clara Versiani analisa o paronama estadual e federal. Ela vê a Baixada Santista com maiores chances de ter um olhar mais atento do Governo do Estado, analisa o novo ministério de Dilma e alerta para a situação econômica do País. Confira:

Diário do Litoral: Temos uma renovação no quadro legislativo estadual, além do vice-governador ser da Região. O que isso pode influenciar para a Baixada Santista?

Clara:
O fato de termos novos representantes no Legislativo da Região pode ser interessante em termos de encaminhamento de demandas e propostas para a Baixada, bem como de avaliação de projetos do Executivo que a ela se refiram. No entanto, representantes no Legislativo atuam de acordo com as orientações gerais do partido. Portanto, a ação deles será mais de acordo com a posição política da legenda. Mas, como também temos uma liderança da Região no Executivo estadual, sem dúvida que isto amplia as possibilidades da Região receber um olhar mais atento do Governo estadual.

Diário do Litoral: O que podemos esperar de Márcio França acumulando as funções de vice-governador e secretário estadual de Desenvolvimento?

Clara:
O fato da nomeação do vice-governador para uma secretaria, a de Desenvolvimento, devemos considerar que ele já esteve à frente de um cargo executivo, como prefeito de São Vicente, uma gestão bem avaliada pelos seus eleitores. Além disso, o Márcio França se projeta como o elo que mantém a aliança no estado entre PSDB e PSB. Ou seja, ele tem um papel importante na conjunção de forças em torno da situação no Estado e da oposição, se esta tendência se firmar, no País.

Diário do Litoral: O que a Região pode esperar pelos próximos quatro anos em caráter estadual?

Clara:
Reitero que acredito que haverá sim, em razão da presença de uma liderança regional no Executivo estadual, e da eleição de novos representantes para a Assembleia Legislativa, de mais possibilidades de investimentos estaduais e projetos implantados aqui bem como o atendimento de antigas demandas.

Diário do Litoral: Tivemos uma série de mudanças em secretariados estaduais, principalmente em pontos de crise como segurança e água. Como você enxerga essas mudanças?

Clara:
Difícil avaliar o que podemos esperar. Mas sem dúvida que as mudanças nesses órgãos respondem ao atendimento das críticas e dos problemas que de fato existem nestes dois setores. Ou seja, uma tentativa do Governo estadual responder às críticas e mostrar disposição em agir. Mas o que se pode esperar de fato não é possível prever no momento.

Diário do Litoral: A mudança também ocorreu no âmbito federal. A força da Região é maior ou menor que nos últimos anos?

Clara:
Não houve tanta mudança assim no plano federal. Quanto ao Beto Mansur, é uma antiga liderança, um tanto apagada e que vem perdendo a cada ano representatividade na Região.

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Clara Versiani analisa novo panorama para a Região em 2015 (Foto: Matheus Tagé e Luiz Torres/DL)

Basta ver seu insucesso nas últimas vezes que se lançou candidato nas eleições municipais e que, desta vez, a sua eleição para a Câmara se deveu ao empurrão recebido pelo “caminhão” de votos de um outro colega de legenda.

Diário do Litoral: São dois deputados da situação. Como isso pode auxiliar a Baixada Santista?

Clara:
A presença de deputados na Câmara, de lideranças regionais naquele órgão, é sempre importante, Mas isto não significa que se deva esperar grandes mudanças a partir da atuação deles. É uma presença pequena e é sempre importante avaliar, além disso, qual o papel deles junto às principais lideranças do partido.

Ou seja, quão próximos são ou não do vice-presidente da República e de outras grandes lideranças da base de apoio do Governo Federal. Isto só poderá ser verificado ao longo do mandato deles.

Diário do Litoral: Sobre o Governo Federal, como avaliar a reforma ministerial da presidente Dilma Rousseff? Alguns nomes como Joaquim Levy e Katia Abreu não foram bem vistos pelo PT.

Clara:
Os nomes não foram bem vistos e me parecem terem sido escolhidos para acalmar o mercado e lideranças do setor de agronegócio. Resta saber se sobreviverão ao “fogo amigo”. E isto dependerá do quanto, de fato, a presidente está disposta a enfrentar a pressão da sua própria base. Acredito ainda que estes são nomes que deverão ser mantidos, se o forem, até daqui a uns dois anos. Se superadas as principais dificuldades e quando estivermos perto de novas eleições presidenciais, acredito que pelo menos um deles será sacrificado para dar lugar ao discurso e ação populistas que empolgam o eleitorado do partido da situação.

Diário do Litoral: Houve alguma surpresa entre as indicações?

Clara:
Acho que as “surpresas” foram os dois nomes citados. Todo o resto correspondeu ao arranjo fisiológico de sempre e que tem sido reforçado nos últimos anos. Nomes escolhidos para preenchimento de “cotas” da base de apoio. Mas mesmo um nome simpático ao mercado para a Fazenda não é propriamente uma surpresa. A presidente já havia sinalizado isso durante sua campanha e depois da reeleição. E Kátia Abreu é também de partido da base de apoio e liderança política do agronegócio. Portanto, sem surpresas.

Diário do Litoral: O que esperar do Governo com maior participação de partidos como PSD e Pros, além do PMDB?

Clara:
Sinceramente não acredito que a participação desses partidos mude o rumo das coisas. Os partidos que de fato ditam os rumos são o PMDB e o PT. Mais o primeiro que o segundo. Como a marca do PMDB é muito mais fisiológica e de barganha do que de projeto para o País e o PT é hoje um partido sem muito rumo, marcado por divisões internas e sem saber ao certo a qual projeto servir, não creio em grandes mudanças.

Diário do Litoral: Desaceleração da economia da China, recuperação econômica dos Estados Unidos e queda do petróleo na Rússia. Os três fatores influenciaram a economia mundial neste fim de ano. Como isso pode influenciar na política brasileira tendo em vista a nova equipe? O brasileiro deve se preocupar?

Clara:
O brasileiro deve muito se preocupar. A nossa economia está ancorada na exportação de comodities. É bem verdade que temos um forte mercado interno. Mas considerando uma queda no preço dos produtos exportados isto compromete a arrecadação do Estado, afeta a disposição dos investidores, o que gera um quadro recessivo. Além disso, é importante lembrar que até os prometidos ajustes ocorrerem, o que se deve esperar é ainda o desequilíbrio nas contas públicas e possibilidade de manutenção de inflação mais alta. Ou seja, sem nenhuma ilusão, será um ano difícil.

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