Cotidiano

Cidades brasileiras investem em soluções verdes para reduzir alagamentos

Eventos climáticos extremos aumentaram 250% no Brasil nos últimos quatro anos, em comparação à década de 1990

Luna Almeida

Publicado em 28/03/2025 às 19:25

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A população também tem sido incentivada a contribuir para a conservação desses espaços / Divulgação/PMSP

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Com as chuvas cada vez mais intensas e frequentes, municípios em todo o Brasil têm buscado alternativas para amenizar enchentes e inundações. Entre as iniciativas que vêm ganhando espaço estão os jardins de chuva, áreas projetadas para absorver e reter o excesso de água pluvial. 

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Capitais como São Paulo, que já conta com mais de 400 espaços desse tipo em operação, e Belo Horizonte, com mais de 60 projetos concluídos, estão entre as cidades que adotaram medidas públicas para expandir essa infraestrutura. 

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A população também tem sido incentivada a contribuir para a conservação desses espaços urbanos sustentáveis.

Cecilia Herzog, especialista em projetos que integram Soluções Baseadas na Natureza (SBN) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), aponta que a crescente adesão dos gestores e da sociedade a essas soluções marca uma mudança importante na forma como as cidades são planejadas no país. 

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Segundo ela, modelos semelhantes já estão sendo testados em diferentes regiões do Brasil e do mundo, promovendo uma urbanização mais harmoniosa com o meio ambiente.

Apesar de se assemelharem a canteiros tradicionais, esses espaços contam com camadas subterrâneas compostas por terra, areia e pedras que facilitam a absorção da água. Herzog destaca que os jardins de chuva devem ser complementados por outras medidas que auxiliem na renaturalização das áreas urbanas. 

Para ela, impermeabilizar o solo e suprimir vegetação apenas agrava os problemas climáticos. A solução, portanto, está na incorporação de soluções naturais ao planejamento das cidades.

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Para aumentar a eficiência dessas iniciativas, especialistas recomendam que os jardins de chuva sejam combinados com outras intervenções, como biovaletas, parques lineares, telhados verdes, renaturalização de rios e captação de água pluvial para reuso. 

Juliana Baladelli Ribeiro, gerente de Projetos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, ressalta que essa abordagem integrada fortalece a resiliência das cidades, reduzindo os prejuízos causados pelas chuvas intensas.

Juliana também enfatiza que a infraestrutura verde traz vários benefícios além da prevenção de enchentes. 

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Entre eles estão a regulação do microclima, a preservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida urbana. A interação mais próxima entre as pessoas e a natureza é outro fator relevante, contribuindo para o bem-estar da população.

Os jardins de chuva já são amplamente utilizados em diversos países. Em Nova Iorque, por exemplo, milhares desses espaços integram o programa municipal de infraestrutura verde, ajudando a combater os impactos das mudanças climáticas e a melhorar o escoamento pluvial. 

No Brasil, um dos maiores complexos desse tipo está localizado no bairro do Pacaembu, em São Paulo, e conta com 11 jardins interligados em uma área de 2,3 mil metros quadrados.

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Em Belo Horizonte, a administração municipal implementou um programa que concede até 10% de desconto no IPTU para proprietários que adotarem a prática, com limite de R$ 2 mil por ano. 

Curitiba também discute tornar os jardins de chuva uma iniciativa permanente, com um projeto de lei em tramitação na Câmara Municipal desde janeiro de 2025.

Desafios climáticos crescentes

Uma pesquisa divulgada em dezembro pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, coordenada pelo Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela UNESCO, em colaboração com a Fundação Grupo Boticário, apontou um aumento significativo nos desastres climáticos no Brasil. 

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Entre 2020 e 2023, esses eventos cresceram 250% em relação à década de 1990. Dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional indicam que, entre 1991 e 2023, foram registrados 6.523 eventos climáticos extremos no país, enquanto no período de 2020 a 2023 esse número saltou para 16.306 ocorrências.

O estudo "Cidades do Futuro: As Soluções Baseadas na Natureza ajudando a enfrentar a emergência climática", publicado pela Aliança Bioconexão Urbana, apresenta casos de sucesso de SBN no Brasil e no exterior, demonstrando seus impactos positivos tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade.

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