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A chuvarada que desabou sobre Xerém, distrito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, provocou uma morte, levou muita destruição e deixou centenas de pessoas desabrigadas. O temporal começou por volta das 2h da madrugada desta quinta-feira (3) e fez os rios e córregos da região subirem rapidamente. Grande número de moradores deixou as casas praticamente só com a roupa do corpo. A força da correnteza arrastou casas inteiras, deixou carros empilhados e destruiu quatro pontes.
O motorista Severino Ribeiro Pinheiro conseguiu retirar um de seus veículos do pátio, mas viu os outros dois serem tragados pela força do córrego que passa atrás de sua casa. “Começou a chover forte de madrugada. Consegui salvar minha família, mas não deu para pegar nem os documentos”, lamentou ele, em cima de um amontoado de cinco carros.
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O vizinho Silvio Mauro, que trabalha como ajudante de cozinha, só teve tempo de retirar a avó e as irmãs de casa, antes que o pacato riacho se transformasse em um rio caudaloso e invadisse tudo, levando todos os seus pertences. “Eu estava dormindo quando ouvi o pessoal bater no portão. Aí começou uma correria, não deu para salvar nada. É só prejuízo”, comentou ele, enquanto procurava dentro da sala por alguma coisa que servisse do imóvel, que ficou com água até o teto.
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O pintor automotivo Renato Ribeiro deu mais sorte, pois sua residência fica em local mais alto. Ele acordou de madrugada e ajudou a salvar dezenas de vizinhos, que não conseguiam sair das casas, por causa da força da água. “Ouvi um barulho muito forte, como se fosse uma avalanche, e depois o pessoal começou a gritar por socorro”, relatou Ribeiro.
O aposentado Virgílio Dias Pereira também perdeu tudo, exceto o automóvel, que conseguiu retirar antes de o rio invadir o imóvel. “Chamei minha esposa e corremos com os filhos e os netos para fora. Eu moro aqui faz 30 anos e nunca tinha visto nada igual”, disse Pereira.
Parte dos desabrigados foi acolhida em igrejas da região. A pastora Esmeraldina Quaresma abriu as portas para oferecer abrigo, alimento e roupas secas aos vizinhos. “A igreja vai ficar com as portas abertas enquanto for preciso. É muito triste”, lamentou ela. Entre os abrigados na igreja, estava o casal de aposentados Gilmar e Edna da Silva. Ela ficou ferida e conseguiu escapar por pouco, quando a parede de casa desabou prensando seu corpo.
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A água também destruiu completamente a casa de Lucimar do Nascimento, que havia se mudado há pouco mais de três meses para um imóvel na margem do rio, sem saber que ali era uma área de risco. Enquanto ela e o marido limpavam a lama, tiveram uma surpresa: encontraram diversos peixes na sala, que foram recolhidos em uma bacia e agora vão servir de alimento para a família.
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