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Uma jornalista chinesa de 71 anos tornou-se nesta sexta-feira o terceiro idoso mais crítico do Partido Comunista a ser sentenciado no tribunal em menos de um ano, em mais um sinal de que a tolerância com a dissidência diminuiu sob o governo do presidente Xi Jinping.
A jornalista, Gao Yu, foi sentenciada a sete anos de prisão pelo Terceiro Tribunal Intermediário do Povo de Pequim, após ser considerada culpada em um julgamento fechado por vazar segredos de Estado à imprensa estrangeira, segundo comunicado divulgado pelo serviço de imprensa do tribunal na internet.
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Gao era acusada de vazar uma diretiva interna do Partido Comunista para um site de notícias chinesas que fica no exterior em 2013, segundo o advogado dela, Mo Shaoping. Conhecido como Documento n. 9, ele identificava as diretrizes ideológicas que o partido deveria perseguir.
A jornalista admitiu o crime e pediu desculpas, em uma confissão divulgada na televisão estatal em maio. Posteriormente, porém, ela voltou atrás, dizendo que tinha feito a declaração por estar pressionada, após a polícia deter o filho dela. Apesar da retratação, segundo Mo, a confissão foi usada como o cerne do caso dos promotores contra a cliente.
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"É absurdo", afirmou o advogado. "Nós não aceitamos o veredicto do tribunal."
Os telefonemas ao tribunal não eram atendidos nesta sexta-feira. A sentença é divulgada em meio a uma ofensiva contra os críticos do regime, incluindo ativistas, advogados, pesquisadores e outros, que foram detidos em alguns casos por períodos pouco usualmente longos. Além de Gao, autoridades processaram dois dissidentes mais velhos: Yiu Man-tin, de 74 anos, editor de livros políticos sentenciado a dez anos por contrabando, e Huang Zerong, 81, escritor mais conhecido como Tie Liu, multado e alvo de uma sentença de dois anos e meio, com suspensão condicional (sursis), por atividades ilegais.
No passado, era raro que autoridades chinesas prendessem críticos mais velhos do regime, que tradicionalmente recebiam advertências discretas quando cruzavam alguma barreira política. A sentença contra Gao "mostra que, independentemente da idade e das condições de saúde, o governo está determinado a combater a liberdade de expressão", afirmou William Nee, pesquisador da Anistia Internacional especializado em China. Gao sofre de pressão alta e tem uma doença no coração, segundo grupos de direitos humanos.
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