Cotidiano

Chefe do Acnur pede melhoria de condições para acolhimento de refugiados

Outro instrumento para evitar o contrabando, acrescentou, seria a concessão de vistos, como fez o Brasil, que ofereceu 20 mil vistos a sírios, ou a promoção de reunião familiar

Publicado em 12/10/2015 às 18:00

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O alto comissário das Nações Unidas (ONU) para os refugiados, António Guterres, defendeu hoje (12) a melhoria das condições legais de acolhimento e que o programa de reinstalação dessas pessoas não se guie por critérios tecnocratas, mas humanitários.

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“É preciso melhorar substancialmente as possibilidades de entrada legal na Europa, com a instalação, por meio de vistos ou programas de reunificação familiar”, disse o chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), em entrevista ao fim de uma viagemde três dias à Grécia, onde visitou diversos campos e se reuniu com representantes do governo.

Guterres destacou que estimular a reinstalação – transferência direta dos países de primeiro acolhimento, como o Líbano, a Jordânia e a Turquia para os países europeus de destino – ajudaria consideravelmente a combater o tráfico de pessoas.

Outro instrumento para evitar o contrabando, acrescentou, seria a concessão de vistos, como fez o Brasil, que ofereceu 20 mil vistos a sírios, ou a promoção de reunião familiar.

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“Muitos têm familiares em algum país europeu”, disse Guterres, lembrando que todos esses instrumentos ajudariam a evitar que essas pessoas fossem para as mãos de traficantes.

Guterres destacou que estimular a reinstalação ajudaria consideravelmente a combater o tráfico de pessoas (Foto: Santi Palacios/Associated Press/Estadão Conteúdo)

“Não faz sentido algum pagar 1.000 euros para atravessar da Turquia para Lesbos (cerca de 5 milhas náuticas), quando se poderia fazer essa travessia legalmente”, disse o representante do Acnur, classificando como “horríveis” as situações por que passam os migrantes e refugiados para ir de uma costa a outra.

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“Chegam em lanchas de péssima qualidade, pois são exclusivamente fabricadas para esse trajeto. Uma vez em terra, são destruídas, são lixo”, comentou Guterres, que durante o fim de semana visitou a ilha de Lesbos, a que está sofrendo mais com a crise dos migrantes.

Desde o início deste ano, entraram na Grécia 400.387 migrantes e refugiados, dos quais 41% chegaram durante o mês de setembro.

Na segunda quinzena de setembro, o número de chegadas diárias às iIhas gregas era 5.500; na primeira semana de outubro, chegaram 7 mil pessoas por dia.

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Sobre o programa de reinstalação de 160 mil refugiados procedentes da Grécia e da Itália em outros países da União Europeia, o alto comissário reiterou a necessidade de não se abordar a questão de uma perspectiva tecnocrata, mas sim humanitária. Na sua opinião, é importante que toda a distribuição e reinstalação dos refugiados se faça segundo os princípios de não discriminação étnica, religiosa ou política.

Guterres disse ainda que, durante sua visita aos acampamentos em Lesbos e Atenas, ficou impressionado com o “trabalho voluntário, a atitude da população e o envolvimento e a solidariedade dos que trabalham com refugiados que, mesmo com dificuldades, tentam dar uma dimensão humana a essa crise”.

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