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A Comissão Especial de Vereadores (CEV) da Câmara de Cubatão ouviu na tarde desta quarta-feira (24) mais um caso de irregularidade no Cemitério da Cidade. As irmãs Carmélia Purificação Alves e Neide Silva Purificação de França também querem saber onde estão os restos mortais da mãe, Maria do Carmo Silva da Purificação. “Passei quatro anos rezando pelos restos mortais da minha mãe, mas não era ela que estava lá”, afirma Neide.
A realidade contada pelas irmãs parece mais coisa de cinema. Acompanhe: Dona Maria do Carmo faleceu em 10 de julho de 2004. A família possui campa perpétua no Cemitério, mas não pode colocá-la no jazigo da família por ter outros parentes enterrados no local – o marido de Maria do Carmo e um primo da família. Portanto, a matriarca foi para uma campa pública. Em 2009, perto de se encerrar o prazo de cinco anos para exumação do corpo de Dona Maria do Carmo, as irmãs foram até o Cemitério para saber quais procedimentos deveriam ser tomados para colocar os restos mortais da mãe no jazigo da família. “Foi no dia 20 de abril de 2009. Pegamos os documentos com o Sr. Luiz e fizemos tudo para dar entrada nos papéis”, explica Neide.
Quinze dias depois, as irmãs retornaram ao cemitério para dar seguimento aos trâmites e a campa da mãe não tinha mais identificação, havendo sinais de que a campa foi violada. “Não tinha nada, nenhuma placa de identificação e parecia que a tampa tinha sido mexida”, conta Carmélia. Na mesma época, as irmãs receberam a informação de que a campa pertencente à família precisava de reforma. “Falaram que a campa estava estourada e cheia de água. Foi ai que nos encaminharam ao Sr. Raimundo, que se intitulava como administrador do Cemitério”, comenta Neide.
Ao questionar a falta de identificação na gaveta número 8460 do muro 28, onde estava sepultada Dona Maria do Carmo, os funcionários do cemitério garantiram que os restos mortais permaneciam na sepultura. “Nós confiamos na palavra deles. Depois que a campa foi arrumada, encaminharam os supostos ossos da minha mãe para a campa perpétua. A gente só podia confiar na palavra deles e confiamos”, conta Neide.
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O susto só veio quatro anos depois, quando o filho de Carmélia – falecido em 2008 – precisou ser transladado para a campa perpétua, onde estariam os restos mortais do pai, da mãe e do primo de Neide e Carmélia. “Nós presenciamos a exumação e a abertura do jazigo. Perguntamos sobre os restos mortais da minha mãe porque já desconfiávamos de algo errado. Quando ele (coveiro) nos mostrou o saco preto, perguntamos se ele sabia qual era o osso da tíbia (canela). Ele nos disse que sim e nos mostrou dois ossos da tíbia, mas a minha mãe foi enterrada sem uma perna”, explicou Neide.
As irmãs ainda contam que se revoltaram, mas não fizeram nada com medo do que poderia acontecer com os restos mortais de sua família. “Só tivemos coragem de falar algo após conhecermos o caso da Roberta. Percebemos que mais pessoas podem ter problemas como o nosso”, conta Carmélia.
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No último dia 23 de setembro, as irmãs registraram boletim de ocorrência na Delegacia Sede do Município e também deram entrada no Hospital Ana Costa, onde a mãe faleceu, para pedir a documentação que prova que uma das pernas da mãe foi amputada e o membro foi encaminhado para estudo.
Funcionários
Ontem (24), a CEV deveria ter ouvido três funcionários do Cemitério citados nos depoimentos e afastados do cargo após a denúncia da servidora Roberta Reis. “A Prefeitura dificultou o trabalho da Câmara. Pedimos o nome completo dos funcionários em três oportunidades no RH (Recursos Humanos) da Prefeitura para enviar o ofício e pedir o comparecimento dos três. Não obtivemos respostas. Para agilizar o trabalho, ligamos e confirmamos a presença deles. Hoje pela manhã, um deles veio até a Câmara e afirmou que eles estavam proibidos de comparecer às oitivas”, explicou o relator da CEV, vereador Dinho Heliodoro (SDD).
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O secretário de Gestão César Pimentel, através de nota encaminhada à reportagem do Diário do Litoral, esclareceu que “a Câmara havia solicitado os nomes e sobrenomes de três funcionários, e respondemos. Porém, a Prefeitura não recebeu até agora qualquer documento emitido pela presidência da Câmara Municipal (conforme os procedimentos jurídicos previstos para tais casos), fazendo a convocação desses funcionários para participar das reuniões da CEV".
O secretário afirma ainda que a CEV e a comissão do Executivo que investiga o caso têm objetivos diferentes. "Queremos apurar se funcionários municipais cometeram ilícitos que devam ser apenados, mas também queremos analisar todas essas atividades, para ver a melhor forma de aperfeiçoá-las mediante regulamentação", garante.
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