Cotidiano
Depois de uma passeata pela Avenida Paulista, os manifestantes pararam em frente ao prédio comercial onde a petroleira mantém sua estrutura na capital paulista
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Para aumentar a pressão sobre o governo por um recuo nas medidas que endureceram o acesso a benefícios trabalhistas, as seis centrais sindicais que organizaram um protesto nesta manhã de quarta-feira, 28, em São Paulo encerraram o ato em frente ao escritório da Petrobras, na Avenida Paulista, e pediram a punição dos envolvidos no escândalo de corrupção na estatal.
Depois de uma passeata pela Avenida Paulista, os manifestantes pararam em frente ao prédio comercial onde a petroleira mantém sua estrutura na capital paulista. Um dos discursos mais duros foi feito pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força Sindical, que é presidente do Solidariedade, partido que faz oposição à presidente Dilma Rousseff. "A Petrobras virou um cabide de corrupção", afirmou. Ele disse que casos de superfaturamento não podem ser mais aceitos e que vai defender a instalação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso para continuar averiguando a corrupção na estatal.
O representante da UGT, Chiquinho Pereira, também fez duras críticas à administração Dilma e afirmou que não entende como um governo que se identifica com os trabalhadores admite uma situação como a atual. "É um escândalo e uma vergonha: a empresa símbolo do País metida em um lamaçal de corrupção", disse. "Pedimos que a presidente demita toda a direção (da Petrobras) e os envolvidos em corrupção", disse.
Se as centrais adotaram um só coro pela revogação do pacote anunciado pela presidente Dilma em dezembro, sob a alegação de que ele mexe em direitos trabalhistas, houve divergências no discurso contra a corrupção na Petrobrás. Houve sindicatos que advogaram pela investigação de "corruptos e corruptores", mas disseram que ela não pode ser utilizada para enfraquecer a estatal "em defesa do capital internacional".
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Representando a CUT, central próxima ao PT, a coordenadora-geral do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo, Cibele Vieira, defendeu a política de conteúdo nacional para o setor, uma das bandeiras dos governos petistas, e argumentou que a estatal e seus trabalhadores não podem pagar pelos que cometeram irregularidades. Ela sugeriu ainda que há interesses por trás do escândalo e que mesmo as empresas envolvidas na operação Lava Jato não podem ser "inviabilizadas". "Desde que o pré-sal foi descoberto que os Estados Unidos estão de olho", disse Cibele. "Eles querem inviabilizar o Brasil."
Ao chegarem em frente ao prédio onde funciona o escritório da Petrobras, alguns sindicalistas chegaram a entrar na área externa do edifício, mas retornaram à calçada minutos depois.
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'Nem que a vaca tussa'
Em protesto contra as alterações no acesso ao seguro-desemprego, abono salarial e pensões, entre outras medidas anunciadas pela presidente Dilma, sindicalistas da CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, CTB e CSB começaram a se concentrar no vão livre do Masp pouco depois das 9 horas da manhã. Entoando gritos de "a Dilma mentiu, a vaca tossiu", cerca de 2 mil pessoas pediram a revogação das duas medidas provisórias editadas pelo governo para promover as modificações. A palavra de ordem é uma referência a uma frase proferida por Dilma Rousseff na campanha pela reeleição, de que os direitos trabalhistas não seriam flexibilizados "nem que a vaca tussa."
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