MONOMOTOR

Cenipa investiga queda de avião em Itanhaém ocorrida no dia 9

O acidente envolveu o monomotor matrícula PT-AKY, que caiu dentro de uma aldeia indígena no Gaivota

Carlos Ratton

Publicado em 23/03/2025 às 07:00

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O acidente envolveu o monomotor matrícula PT-AKY / Renan Louzada/Diário do Litoral

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O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), órgão central do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER), iniciou investigação sobre recente acidente aéreo ocorrido no último dia 9, em Itanhaém.

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O acidente envolveu o monomotor matrícula PT-AKY, que caiu dentro de uma aldeia indígena no bairro Gaivota, em Itanhaém, próximo ao limite do município com Peruíbe, vitimando o instrutor de voo Matheus Gomes, do Aeroclube de Itanhaém.

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Segundo o CENIPA, a conclusão da investigação ocorrerá no menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes. Quando concluído, o relatório final será publicado no site do CENIPA, acessível a toda a sociedade.
 
As recomendações de segurança emitidas pelo CENIPA, ainda em relação ao acidente, foram direcionadas à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Todas foram cumpridas, sendo duas adotadas integralmente e uma adotada de forma alternativa. A ANAC informa que o Aeroclube de Itanhaém está atualmente cadastrado autorizado a operar.

Conforme explica o órgão, as recomendações de segurança são emitidas com base em uma investigação, com o único objetivo de prevenir futuros acidentes aeronáuticos. 

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“É importante ressaltar que tanto as recomendações quanto os relatórios finais não têm a intenção de atribuir culpa ou responsabilidade civil ou criminal. Quando publicados, ambos são encaminhados aos órgãos reguladores competentes, com vistas a eliminar condições inseguras latentes ou mitigar seus riscos”, informa nota.

A Reportagem esteve na Cidade no último dia 11 e conversou com pessoas que moram próximas a área de tráfego aéreo de aviões. O advogado Leonardo Bacaro, por exemplo, que reside à Rua Abel Francisco Caniçais, no bairro do Savoy, disse que o acidente renovou uma preocupação que perdura há anos. 

“Moro na reta da pista e posso garantir que o controle aéreo está negligenciado. Muitos donos de aeronaves menores fazem voos sobre a minha casa com menos de 50 metros de altitude e a qualquer hora, inclusive de madrugada. O barulho é intenso e, por vezes, percebo supostas falhas nos motores no ar”, afirma.  

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Ele acredita que não há fiscalização de quem decola ou pousa, apesar da legislação brasileira pra voos ser uma das mais duras e modernas do mundo. “Não há fiscais no Aeroclube e nem no Aeroporto de Itanhaém, apesar deste último estar praticamente desativado por conta do fim das operações da Petrobrás. Tem um ou dois seguranças. Não tem bombeiros civis”, acredita.  

O advogado diz ter informações de familiares de vítimas de outros acidentes que muitos alunos se tornam instrutores sem ter o número de horas de voo necessário para exercer a função. O CENIPA já apontou equívocos de procedimentos no aeroclube”, disse.   

No Savoy moram cerca de oito mil pessoas. Os outros bairros do entorno do aeroclube e do aeroporto são Oasis com 12 mil habitantes, aproximadamente, e o Guapurá, com também cerca de 12 mil habitantes. E a Cidade conta com apenas uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

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O Corpo de Bombeiros chegou a retirar com vida uma das vítimas da queda de avião. O rapaz sobrevivente se encontra internado no hospital da cidade. Segundo os bombeiros, a vítima foi encontrada dentro da aeronave, encarcerada nas ferragens. Ela foi retirada do veículo consciente e orientada e, posteriormente, encaminhada ao pronto-socorro municipal. 

O Aeroporto de Itanhaém está praticamente desativado. A população citou as operações realizadas pelo Aeroclube de Itanhaém que, inclusive, já foi acionado na Justiça por conta de um acidente ocorrido em 2012.

No processo, ele foi identificado como tendo uma responsabilidade significativa no acidente devido à falta de supervisão adequada e à ausência de um responsável pelas operações no organograma. Isso resultou na centralização do processo decisório sobre a realização dos voos na figura do instrutor, sem uma avaliação adequada das condições de voo. 

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A falta de padronização na seleção dos instrutores e o acúmulo de funções pelo presidente do aeroclube também contribuíram para a ocorrência do acidente. As recomendações enfatizaram a necessidade de o aeroclube implementar uma política de segurança e melhorar o acompanhamento dos voos de instrução. A família de uma das vítimas até hoje aguarda indenização.  

O Aeroclube foi procurado pela equipe de reportagem, mas seus dirigentes resolveram não se manifestar sobre o acidente. No entanto, emitiu uma nota de pesar online em relação a morte do instrutor Matheus Gomes.

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