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Uma centena de indígenas, de 18 etnias brasileiras, passa o dia de hoje (9) no Parque Lage, no bairro do Jardim Botânico, zona sul do Rio, em um evento que comemora o Dia Internacional dos Povos Indígenas, instituído em 1994 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Até as 17h, o visitante pode conferir as apresentações de canto e dança, exposição fotográfica, contação de história e mostra de filmes etnográficos, além de fazer pintura corporal e adquirir peças artesanais.
O evento foi aberto às 10h com a apresentação de crianças guaranis de Itaipuaçu, município de Maricá, Região dos Lagos do Rio de Janeiro. O cacique Carlos Tukano, presidente da Associação Indígena Aldeia Maracanã, parceira da Secretaria de Estado de Cultura no evento, explicou que o objetivo é mostrar a cultura rica e viva dos povos indígenas.
“A gente vem justamente para mostrar o lado cultural, o lado didático para as crianças e os adultos que não conhecem o que que é o índio no Brasil, o que é a cultura indígena no Brasil. Muitas vezes, a maior parte da sociedade desconhece a realidade dos povos indígenas", disse o cacique. Para ele, é preciso haver mais disciplinas nas escolas para mostrar a cultura dos povos indígenas.
De acordo com a gerente de Identidades Culturais da Secretaria de Cultura, Daiane Ramos, no ano passado, o evento atraiu 8 mil pessoas ao Parque Lage, o que deve se repetir hoje. Para ela, é importante marcar também o dia 9 de agosto, além do 19 de abril, como uma data fundamental para celebrar a cultura indígena, em uma comemoração mundial, para levar conhecimento a quem normalmente não tem contato com a riqueza étnica brasileira.
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“A ideia é sempre difundir, colocar [a cultura indígena] em espaços de visibilidade como este. A população que não conhece as aldeias não tem a percepção de que a cultura indígena não se encerrou, que ela continua viva, vibrante e continua acontecendo dia após dia. Quando se tem acesso a uma coisa que se imagina no passado, mas que, na verdade, está presente do seu lado, tem um canto e uma dança super vivos, isso cria laços, cria vínculos e gera respeito”, afirmou Daiane.
Frequentador do Parque Lage, o treinador de cavalos de corrida Túlio Penelas, soube com antecedência do evento e resolveu levar o filho de 3 anos para conhecer de perto um pouco da cultura indígena. “Durante a semana, vim e sabia que ia acontecer. Meu filho achava que não existia índio mais. Então, eu disse que existe, sim, e trouxe ele para conhecer. Essa terra aqui era deles, então é importante as crianças conhecerem a cultura indígena.”
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Rádio transmite festa online
O Dia Internacional dos Povos Indígenas também ganhou programação especial da Rádio Yandê, que está transmitindo do local. Colocada no ar há dois anos, depois de três anos de planejamento, a Yandê é transmitida pela internet e alcança cerca de 150 mil ouvintes atualmente. Formado em marketing e gestão, o radialista Anápuáka Muniz Tupinambá Ha-ha-hãe, um dos coordenadores da rádio online, explica que o objetivo do veículo é criar mecanismos alternativos de comunicação para os povos indígenas.
“Com amigos e parceiros, desenvolvemos um conceito chamado etnomídia indígena, que é o respeito à cultura indígena, com a apropriação da melhor ferramenta e com total flexibilidade. Então, o que funciona para o povo Tupinambá não funciona para um Kaingang – cada um se apropria da melhor ferramenta como a sua própria cultura e, como ela é diversa, a ferramenta também é diversa, como é a cultura”, explicou o radialista.
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Segundo Anápuáka, a Yandê tem parceria com indígenas das Américas Latina e Central, dos Estados Unidos e do Canadá. “Temos um diálogo de troca de conteúdos. Eles enviam para nós e nós traduzimos em inglês e espanhol e enviamos para eles.” O conteúdo é produzido pelos três coordenadores, pelas aldeias e também por parceiros.
“A programação é diversa, mas chega a 18 horas de música diária, funciona 24 horas online”, informou Anápuáka. Ele disse que o trabalho chega a todos os cantos do Brasil e do mundo, graças à tecnologia de que disponibilizamos também aplicativo para os sistemas iOS, Android e Windows.
“A gente consegue trabalhar com tecnologia de download de 32k. Então, qualquer smartphone com uma baixa conexão consegue ouvir nossa rádio em qualquer parte do mundo. Um chip pré-pago consegue dar conexão para que se ouça a rádio no celular. Como hoje no país nós temos muito mais celulares conectados do que PCs e notebooks, pensamos nessa questão três anos atrás como conceito de apropriação. Hoje a gente ocupa todo o território nacional. Não tem estado e não tem etnia hoje no país que, em algum momento, não tenha ouvido a Rádio Yandê”.
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A sede da Rádio Yandê (http://radioyande.com/) fica na Associação Indígena Aldeia Maracanã, no Estácio, zona norte do Rio. Além de Anápuáka, trabalham diretamente no projeto a jornalista Renata Tupinambá e o publicitário Denilson Baniwa, além de correspondentes em Brasília, Mato Grosso do Sul e São Paulo e 27 colaboradores no Brasil inteiro que enviam conteúdos.
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