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Urna não lacrada, falta de guardas municipais, locais de votação trocados no dia da votação e até candidatos fazendo boca de urna. Essas irregularidades teriam sido cometidas na eleição dos membros do Conselho Tutelar de São Vicente, segundo denunciam candidatos e fiscais ouvidos pelo Diário do Litoral.
Entre os que apontam a situação estão os candidatos Raphael Wendell e Elaine Bastos Lugão e a fiscal Jéssica Ribeiro. Cada candidato ao cargo de conselheiro tutelar poderia indicar até cinco fiscais para acompanhar a votação. Jéssica atuou como fiscal de Elaine.
A votação ocorreu no último domingo. Quarenta candidatos concorreram às dez vagas de conselheiros titulares e dez vagas de conselheiros suplentes.
As supostas irregularidades fizeram 18 candidatos criarem um grupo no WhatsApp (aplicativo de conversa por celular). Alguns membros desse grupo vão acionar, juntos, a Justiça e encaminhar uma denúncia ao Ministério Público Estadual na próxima semana.
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Segundo relata Jéssica, ela encontrou urna sem lacre ao inspecionar a escola Duque de Caxias, na parte da tarde, na escola Duque de Caxias. “As responsáveis pelo local de votação não receberam nenhum treinamento. Eu informei a elas que aquilo era um crime eleitoral”. Ela fez questão de registrar a queixa na ata de votação.
Em outra escola, conforme a fiscal, a irregularidade constatada foi a ausência do papelão usado pela Justiça Eleitoral para dar privacidade ao eleitor na hora dele votar.
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Elaine relata ter encontrado em outro local de votação duas mesas para votação, no meio do pátio e não em uma sala de aula, como nos outros locais de votação.
Um candidato com seu nome escrito na camisa foi visto – e filmado por celular – no local de votação, afirmam os denunciantes. Outra imagem também registrada pelo grupo é a de uma faixa afixada em uma casa que fica em frente a um local de votação, o que também não estaria correto.
Elaine Lugão conta ainda que os candidatos se surpreenderam com a mudança de um local de votação – o que reúne a zona 177. “Estava em uma escola no Humaitá e foi transferido para o Jardim Paraíso”.
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‘TSE deu as costas’
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, João Carlos Franca afirmou, ontem à noite, já ter conhecimento de todas as denúncias.
Segundo Franca, a falta de estrutura para as eleições de conselheiros tutelares se deu em todo o País. “O Tribunal Superior Eleitoral deu as costas. Não colaborou. Apenas emprestou umas urnas de lona, cheias de pó”.
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A falta de infraestrutura para o pleito resultou na moção de repúdio, elaborada pelo Fórum Nacional de Membros do Ministério Público da Infância e Adolescência.
O documento aponta “o descaso do Poder Público para com as primeiras eleições unificadas dos Conselhos Tutelares de todos os municípios do Brasil, ocorridas no último domingo”.
Ainda de acordo com a moção de repúdio, “em razão do absoluto descaso com que se trata a infância e juventude no Brasil, não é exagero dizer que o último 4 de outubro também marcou a pior eleição já realizada na história do País: despreparo e insuficiência das equipes de mesários; logística inadequada para atender os eleitores; subdimensionamento da demanda esperada; longas e intermináveis filas de espera”, entre outras irregularidades.
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Franca ressaltou que “os candidatos que perderam disputaram o mesmo jogo dos que ganharam”.
O presidente do órgão informou que hoje está sendo publicado um edital com todas as etapas a serem cumpridas até a posse dos eleitos, o que deve ocorrer até o dia 10 de janeiro. Nesse informe estão fases como a análise de recursos, homologação, formação dos conselheiros e a efetiva posse.