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Jesus multiplicou pães e peixes, ensinam os evangelhos. E esses trechos dos textos bíblicos devem servir de inspiração para os candidatos da Baixada Santista detentores de cargo. Uma rápida análise feita pelo Diário do Litoral, comparando os votos obtidos nas últimas eleições, detecta a necessidade de os postulantes da região terem de multiplicar em até dez vezes – em alguns casos - o estoque de votos para se elegerem na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal.
Especialistas em urnas ouvidos pela Reportagem mostram-se preocupados com a possibilidade de a Baixada perder vagas nas duas casas legislativas, caso os principais postulantes não consigam realizar o milagre da multiplicação dos votos.
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O caso mais flagrante dessa necessidade de votos em demasia é notado entre os candidatos à Assembleia na coligação PSDB/DEM/PPS/PRB. O cálculo mais otimista aponta para nota de corte de 70 mil para ser eleito. Ou 80 mil votos na chamada “zona de conforto”.
Candidato à Assembleia, Sadao Nakai (PSDB) foi o vereador mais votado em Santos em 2012, obtendo 6.253 votos em 2012. Ele precisará multiplicar em mais de dez vezes sua força nas urnas. Missão igualmente difícil para o também vereador vicentino Júnior Bozzella (PSDB), eleito para seu primeiro mandato com 3.908 votos. No mesmo barco da dificuldade está o vereador santista Marcelo Del Bosco (PPS), detentor da marca de 3.161 votos em 2012.
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PTB
O deputado estadual Luciano Batista, hoje no PTB, também tem de mirar na casa dos 70 mil a 80 mil votos para obter mais um mandato. Na eleição passada, quando estava no PSB, os 59.653 votos foram suficientes.
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PSB
Nota de corte em torno dos 70 mil também vale para o PSB. A legenda optou por não fazer coligação para a disputa à Assembleia. Esse número interessa ao ex-vereador vicentino Caio França, cuja última experiência nas urnas foi bater na trave na tentativa de se eleger prefeito, cravando 84.790 votos.
Outro concorrente conhecido do PSB na Baixada é o ex-vereador e ex-secretário de Meio Ambiente de Santos, Fábio Alexandre Nunes, o Professor Fabião. Quarto colocado na disputa pela Prefeitura, o socialista marcou 20.221 votos e, na última vez eleito na Câmara, chegou ao patamar dos 5.065 votos.
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PT
Uma das três deputadas da região na Assembleia, Telma de Souza (PT) chegou aos 90.361 votos na eleição de 2010, número bem mais expressivo de sua última tentativa de retornar ao Palácio José Bonifácio (sede da Prefeitura de Santos) quando, há dois anos, obteve 41.623 votos. A nota de corte do PT na disputa deve girar em torno de 70 mil a 80 mil votos.
Nanicos
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A Baixada ainda conta com candidatos de partidos considerados “nanicos”. As legendas recebem essa denominação porque costumam eleger poucos representantes nas duas casas legislativas. Mesmo assim, os postulantes precisam ter, na melhor das hipóteses, 30 mil votos para ter sucesso nas urnas.
E veja como fica a situação do vereador santista José Teixeira Filho, o Zequinha Teixeira (PRP). Ele foi eleito com 1.419 votos e precisará multiplicar sua força na urna em pelo menos 25 vezes.
A mesma tese se aplica ao vereador vicentino Eronaldo José de Oliveira, o Ferrugem. No PDT, ele se elegeu vereador com 2.471 votos. Hoje está no Solidariedade e também precisará de um reforço bem maior para ser eleito deputado estadual. Situação idêntica a do vereador de Guarujá Gilberto Benzi, eleito pelo PDT com 2.290 votos e, hoje, no Pros.
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Entre os candidatos à Câmara, as realidades são diferentes
Os principais candidatos da Região à Câmara Federal vão precisar de estoque aproximado de 100 mil votos por estarem em legendas de média ou grande expressão. Mas, dependendo do caso, chegar a essa meta não é tarefa das mais difíceis.
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Ex-prefeito por 8 anos de Santos, quando esteve no PMDB, João Paulo Tavares Papa recebeu 190.705 votos, em 2008, e conseguiu reeleger. Hoje no PSDB, Papa enfrenta sua primeira eleição para cargo no legislativo e, mesmo fora de um cargo há um ano e meio, especialistas ouvidos pelo Diário do Litoral não veem dificuldade extrema de ele conseguir votação na casa dos 120 mil a 140 mil, em outubro.
Situação diferente vive a deputada federal Maria Lúcia Prandi (PT). Na eleição de 2010, ela obteve 56.108 votos, ficando na oitava suplência da coligação e, por isso, só veio a assumir a vaga em abril deste ano, passados mais de três anos do início da atual legislatura. Prandi vai precisar dobrar sua ultima votação para ser reeleita.
Já o deputado estadual Bruno Covas (PSDB), eleito em 2010 com 122.312 votos, tenta uma vaga na Câmara Federal e, por ter forte base na Capital e visibilidade até em cidades do Interior (foi secretário estadual de Meio Ambiente), não terá de fazer malabarismos na campanha. Há quem aposte na marca de 300 mil votos para o neto do ex-governador Mario Covas (PSDB).
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Presidentes de câmaras
Na outra ponta se encontram candidatos como os vereadores Fernando Bispo (Pros) e Marcelo Squassoni (PRB). Ambos presidem câmaras: Bispo, a de São Vicente; e Squassoni, a de Guarujá.
Bispo foi o mais votado em São Vicente, à época pelo PSB, com 5.435 votos – e precisará de fôlego bem maior para chegar a Brasília. E Squassoni obteve 2.165 votos. Em um cálculo aproximado, eles precisam multiplicar em cerca de 15 vezes seus potenciais para ter sucesso na eleição de outubro.
Também do PRB, o ex-prefeito santista Beto Mansur (eleito federal com 65.397 votos) pode ser até o quinto colocado em seu partido para se reeleger deputado federal. A legenda tem dois “puxadores de votos”: o apresentador de TV Celso Russomano, candidato apontado pelos especialistas como detentor de ao menos 750 mil votos, e o cantor Sérgio Reis.
Russomano e o ídolo sertanejo tendem a “puxar” até sete candidatos da legenda para a vitória. Fontes ligadas ao PRB calculam em 1,5 milhão de votos o total alcançado pelos quatro primeiros colocados do partido: Russomano, Sérgio Reis e dois pastores. Nesse cenário, com 60 mil votos, Mansur estaria eleito.
‘Fator Tiririca’
O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB) chegou à Câmara Federal não apenas graças aos seus 94.906 votos. Ele precisou do “puxador de votos” Tiririca.
Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR), era da coligação PRB/PT/PR/PCdoB/PTdoB e, graças aos seus 1.353.820 votos, conseguiu eleger Protógenes, devido ao complicado sistema de quociente eleitoral vigente no Brasil, onde as vagas são distribuídas conforme a votação de cada coligação ou partido. A pergunta: haverá outro “fator Tiririca” capaz de reeleger Protógenes ou ele consegue ampliar sua votação?