Cotidiano

Candidato usa Tinder, aplicativo de paquera, para fazer campanha

Nessa rede social, pessoas curtem umas às outras e, quando a simpatia é mútua, dá-se o desejado match: os perfis se conectam.

Folhapress

Publicado em 15/07/2018 às 18:57

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Ele curte homens e mulheres sem qualquer critério, "até porque a campanha é bastante progressista no campo dos costumes". / Fotos Públicas

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Em uma eleição marcada pela apatia, o pré-candidato a deputado federal Felipe Oriá (PPS-PE), 27, apelou para o Tinder, um aplicativo de paquera, para tentar despertar o interesse do eleitorado.

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Nessa rede social, pessoas curtem umas às outras e, quando a simpatia é mútua, dá-se o desejado match: os perfis se conectam.

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O poder de sedução de Oriá vai bem. São quase 400 matches por dia, segundo ele, um dos fundadores do movimento suprapartidário Acredito, que prega a renovação política. O perfil está no ar há cerca de uma semana.

Quando o paquerador percebe que o interesse é por seu voto, porém, as reações são as mais diversas. "Amigo, eu odeio política. Desculpas", cortou uma pessoa.

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"E eu pensando que Felipe Oriá tinha se encantado pelos meus olhos", divertiu-se uma enamorada. "Me encantei pelo seu apoio", respondeu o pré-candidato.

"Se for pelo charme, meu voto já é teu, deputado", flertou um interessado. "Imagina pelas ideias então?", piscou Oriá.

Ele curte homens e mulheres sem qualquer critério, "até porque a campanha é bastante progressista no campo dos costumes". Fora das redes, é casado com uma suíça.

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Cientista político pernambucano com mestrado em Harvard, o pré-candidato diz que o flerte político é uma estratégia para engajar simpatizantes, em vez de bombardear adeptos de redes sociais com propaganda eleitoral.

Até porque, observa ele, se quisesse competir com pré-candidaturas de porte, estaria desde a largada em desvantagem.

O Facebook, principal plataforma digital para campanha política, varia o valor do anúncio conforme a demanda, num modelo que a empresa chama de leilão. Quanto mais páginas querem falar com uma mesma audiência, mais caro custa o impulsionamento.

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Assim, o investimento que Oriá fazia para atingir cem pessoas passou a alcançar dez, diz ele. "Não é nada trivial ter alcance sem dinheiro. O fundão [fundo eleitoral destinado a partidos] inunda as redes sociais", afirma.

No Tinder, entretanto, o approach é ainda mais restrito. Sem impulsionamento nem anúncio, fala-se com uma pessoa de cada vez e, no caso do pré-candidato, a intenção é desenvolver conversas genuínas sobre a eleição. É preciso ter uma equipe treinada para sustentar o papo.

"A pauta da campanha é inovação. Inovação para superar essa política do dinheiro, da paixão ideológica, do sobrenome hereditário há 300 anos. Então o pessoal pega logo o espírito", conta Oriá.

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Deputado mais velho da Câmara, Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), 88, não conhece o Tinder, mas considera a estratégia moderna. "Sei mais ou menos como funciona. É à base de brincar com as mulheres, fazer bobagem, é isso?", divertiu-se. "Há todo um movimento de curtição de fotografia de rede social."

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