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Boas práticas alimentares, qualidade nutricional e sustentabilidade são alguns valores disseminados nas aulas do Caminhão Sabor e Renda, equipamento da Prefeitura de Guarujá que leva uma cozinha itinerante a diversos pontos da Cidade. O projeto, inaugurado pelo Governo Municipal em maio, oferece capacitação gratuita aos munícipes, ensinando a reutilizar alimentos. Na última terça-feira (21), mesmo com chuva, a iniciativa esteve na Praia do Tombo – Bandeira Azul ensinando ambulantes, quiosqueiros e turistas.
As aulas são viabilizadas pela parceria entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social e o Serviço Social da Indústria (Sesi), que cede os professores. E a fama do caminhão despertou a curiosidade da ambulante Silvana Alves Nazaré, que participava da aula. “Estou aprendendo a fazer fanta caseira, com cenoura, e também barrinha de cereal. Se der para assar as barrinhas em casa, talvez dê até para colocar no carrinho.”
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Já a receita de requeijão caseiro chamou atenção da gerente administrativa Thaís Cristóvão, uma das alunas. Moradora de São Paulo, ela veio passar uma semana na casa dos pais, no bairro Astúrias, e resolveu fazer o curso. “Eu tenho o hábito de jogar fora as cascas e bagaços. Aqui estou aprendendo a reutilizar e estou adorando”, contou.
Proprietária de quiosque na orla do Tombo, Alessandra Gonçalves Dias, foi fazer a aula porque quer inovar em seu empreendimento. “Quero colocar o reaproveitamento de alimentos em prática. Vou fazer o teste em casa e depois trazer para o quiosque. Isso vai evitar o desperdício. Vim aprender e também vou pesquisar na internet”, relatou
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De acordo com a diretora de Segurança Alimentar e Nutricional da Prefeitura, Georgia Hegedus Ramos, o saldo é positivo. “O curso foi bem legal. O pessoal se mostrou interessado e participativo. Atingimos o nosso objetivo nesses dois meses”, resumiu
Iniciativa é reconhecida por consultor da Unesco
O consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)/ HidroEX, Marco Antônio Castanheira, que é engenheiro agrônomo e professor universitário, acompanhou as aulas do Caminhão Sabor e Renda na Praia do Tombo. “De modo geral, o foco é a questão do desperdício, aproveitando os alimentos que não podem ser comercializados, mas estão em boas condições de consumo. Este curso é itinerante e válido para ser realizado em qualquer lugar, porque sempre terão pessoas interessadas em aprender e multiplicar a ideia”, salientou o consultor da Unesco.
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Cristina: “Minhas panelas têm história”
Em 1998, quando resolveu trabalhar na praia, a ambulante Cristina Medina Bio tinha apenas suas panelas. Ela conta que, naquele tempo, a Praia do Tombo era abandonada. Cristina andava de ônibus, sonhava em construir sua casa, queria ter seu carrinho e suas veias da perna estavam entupidas em decorrência do vício do cigarro.
Passados 17 anos, assim como o Tombo, Cristina também prosperou. A praia trouxe sabor e renda para a vida da ambulante. Seu carrinho é um sucesso, ela construiu sua casa, comprou um carro, largou o cigarro e está bem de saúde. Ela acredita que a superação se deu por três motivos: o amor pelo trabalho, os cursos que fez pela Prefeitura e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e a vinda da Bandeira Azul para a Praia do Tombo.
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“O Tombo era vazio e abandonado. Só vinham os surfistas. Agora está melhor porque a Bandeira Azul ajudou a trazer mais gente e o pessoal adora. Eu amo essa praia! Passo por aqui até em dia de chuva. Se o pessoal deixa saco de lixo, eu recolho. Vim para cá doente e hoje não sei o que é doença”, conta.
Nos últimos anos, com a necessidade de atender um público mais exigente, ela fez o curso de empreendedorismo, voltado ao seu segmento e promovido pela Prefeitura; um no Sebrae e outro de primeiros-socorros, também realizado pelo Governo Municipal.
Quando seu primeiro carrinho ficou velho, Cristina fez um financiamento no Banco do Povo de Guarujá para trocar o equipamento. Posteriormente, utilizou novamente o microcrédito para padronizar as cadeiras e guarda-sóis e, pela terceira vez, recorreu ao Banco do Povo para reformar o segundo carrinho. No entanto, das panelas Cristina não abre mão. Conservadas e de boa qualidade, ainda são as mesmas desde que começou a trabalhar na orla do Tombo: “Minhas panelas têm história”, revela.
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