E o prédio continuou inacabado, deteriorando-se pela ação do tempo / Divulgação/PMC
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Após uma década de espera, as obras para conclusão do futuro teatro municipal no Parque Anilinas foram retomadas em março. A previsão é que a sala de espetáculos seja entregue ao público no final deste ano. Mas, esta espera, de 38 anos, poderia ter sido muito menor. Entenda abaixo os problemas políticos que deixaram o Município sem um teatro por quase quarenta anos.
Quando o ex-prefeito José Oswaldo Passarelli (1941/2019) entrou em cena para seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Cubatão, em 1986, o roteiro da nova administração incluía a construção do Teatro Municipal.
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As obras até começaram, em 1987, com a promessa de que o espaço seria um dos teatros mais modernos do País. Mas, em 1989, Passarelli saiu de cena e as foram paralisadas por seu sucessor, Nei Eduardo Serra.
Adversários políticos históricos, os dois costumavam paralisar as obras iniciadas pelo outro. E os dois se sucederam no poder até 2000, sem que o teatro fosse finalmente aberto ao público, mesmo após o investimento de milhões em verbas do orçamento municipal. O projeto original previa 650 espectadores na sala de espetáculos.
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Em 2007, durante o segundo mandato do ex-prefeito Clermont Silveira Castor, uma entidade local, a Associação Tudo Pela Cultura (Tupec), concluiu uma das salas e a recepção principal. A obra foi realizada com recursos da Petrobrás e mediante autorização da Prefeitura.
A partir de então, a Tupec passou a administrar o local e promover algumas apresentações. Mas no ano seguinte, a Associação parou as atividades, em meio a denúncias de desvio de recursos públicos.
Em 2010, outra entidade, desta vez uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) denominada Ama Brasil, obteve autorização da Prefeitura para captar, junto ao Governo Federal, R$ 13 milhões, por meio da Lei Rouanet, para finalizar as obras. Porém, a Ama Brasil não conseguiu captar os recursos.
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E o prédio continuou inacabado, deteriorando-se pela ação do tempo e por estragos causados por vândalos.
Conforme reportagem publicada pelo Diário do Litoral há exatos dez anos, o prédio tinha portas quebradas, muros pichados e lixo espalhado por todo lado.
No entanto, para quem entrava no local, a situação era ainda mais triste. Naqueles dias, o prédio inacabado havia se transformado em hospedaria para moradores de rua e usuários de drogas.
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O cheiro era insuportável. Poças de água da chuva se formavam no local por conta de vazamentos no telhado. O que viria a ser, segundo a administração da ex-prefeita Márcia Rosa, uma policlínica, havia se transformado àquela altura em problema de saúde pública.
O abandono do prédio foi alvo de denúncia encaminhada à Promotoria de Justiça da Cidade pelos então vereadores Dinho Heliodoro e Ivan Hildebrando. E esta foi só uma das vezes que o teatro foi alvo de críticas na Câmara Municipal.
“O cenário é de horror. Vasos sanitários, móveis quebrados, forros danificados, pichações, muitos criadouros da dengue, restos de comida e muitas fezes em todos os compartimentos”, protestava Heliodoro na edição do Diário do Litoral de 13 de abril de 2015.
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Em 2009, Márcia Rosa assumiu a Prefeitura e, logo em seguida, inaugurou o “Novo Anilinas” com um novo teatro, mas que ainda não entrou em operação. E isso levou a população à realidade de conviver com dois teatros inacabados na Cidade.
Reeleita em 2012, Marcia Rosa então planeja transformar o Teatro Municipal de Passarelli em um equipamento destinado à saúde da população, como defendia Nei Serra.
Seguindo as promessas de campanha, Marcia queria ver o prédio abandonado do teatro transformado em policlínica. A remodelação do local formaria o Quarteirão da Saúde, na vizinhança do Pronto Socorro e do Hospital Municipal.
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Já no primeiro mandato do ex-prefeito Ademário da Silva Oliveira a necessidade de construção de um novo prédio de serviços de alta complexidade perto do hospital ganhou força e o prédio do antigo teatro acabou se transformando em unidade de oncologia e setor de nefrologia, voltado à saúde renal, já que Cubatão não possuía tais serviços.