Cotidiano

Brasil tem alto índice de desempregados entre pacientes com artrite reumatoide

Entre os países pesquisados, o Brasil apresentou o maior índice de desemprego entre pessoas com artrite reumatoide: seis em cada dez pacientes (60%) estavam desempregados

Publicado em 09/10/2015 às 18:22

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Um estudo feito em quatro países latino-americanos (Argentina, Brasil, Colômbia e México) demonstra que a artrite reumatoide interfere na produtividade dos pacientes e é uma das maiores causas de afastamento e desemprego no país. O estudo, ainda não finalizado e inédito no Brasil, acompanha, por um ano, 309 pacientes em centros de reumatologia dos quatro países.

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Realizado por três importantes centros de pesquisa brasileiros – Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Centro Paulista de Investigações Clínicas (Cepic) e Hospital de Clínicas de Porto Alegre –, o estudo tem apoio do laboratório AbbVie.

Entre os países pesquisados, o Brasil apresentou o maior índice de desemprego entre pessoas com artrite reumatoide: seis em cada dez pacientes (60%) estavam desempregados. No México, o índice alcançou 46%, na Colômbia, 39%, e na Argentina, 27%.

“O objetivo do estudo é dar uma ideia de qual é a carga da doença na população brasileira, ou seja, o ponto em que a doença interfere na vida e na capacidade profissional e na qualidade de vida das pessoas”, disse o coordenador do estudo, Ricardo Machado Xavier, professor titular de reumatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo Xavier, a pesquisa é importante para mostrar o impacto da doença na vida das pessoas e também o impacto econômico.

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O médico disse que o impacto na vida dos pacientes é muito grande, principalmente em termos de incapacitação funcional. “Por causa da doença, várias pessoas são afastadas do trabalho provisoriamente ou têm sua produtividade diminuída.”

O estudo mostrou que oito em cada dez pacientes brasileiros sentem muita dor e desconforto por causa da doença (Foto: Divulgação)

Os países incluídos no estudo apresentam, teoricamente, as mesmas condições que o Brasil. “A carga da doença é variável conforme a estrutura social em que o paciente vive. Temos muito dados do impacto da artrite reumatoide na vida das pessoas em países do Primeiro Mundo, onde há mais acesso à saúde e mais facilidade de acesso a cuidadores, coisas sobre as quais não tínhamos nenhum dado, até o momento, no Brasil e em outros países da América Latina”, explicou o médico.

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As razões pelas quais o Brasil registra maior índice de desemprego entre os países analisados ainda não foram analisadas ou concluídas. “Se é por maior dificuldade de acesso, ainda não sabemos, porque, em geral, o acesso a drogas melhores está mais ou menos igual nos países avaliados e, no Brasil, ainda melhor que nos outros. Não sabemos se a população de pacientes [no Brasil] foi mais grave – é preciso fazer uma análise estatística para avaliar. Talvez seja pelas condições de trabalho ou pela legislação trabalhista no Brasil, mais favorável ao funcionário. Essas são algumas das questões que surgiram [no estudo].”

Segundo Xavier, o Brasil está “razoavelmente preparado” na questão do acesso aos medicamentos. “A grande dificuldade, no entanto, é o acesso do paciente ao reumatologista.” Ele disse que, em Porto Alegre, por exemplo, o tempo médio em que o paciente recebe o encaminhamento do posto de saúde para o reumatologista é de um ano e meio a dois anos. “E nisso perde-se a janela de melhor oportunidade para tratar esse paciente. O grande gargalo do país hoje está nisso aí.”

O estudo demonstrou também que oito em cada dez pacientes brasileiros (83% do total) sentem muita dor e desconforto por causa da doença, problemas relatados por 67% dos argentinos, 70% dos colombianos e 71% dos mexicanos.

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Doença crônica e sem cura

A artrite reumatoide é uma doença crônica, inflamatória e sem cura, que atinge cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil. “A doença afeta as articulações e é crônica, ou seja, dura continuamente, por muito tempo. E esse processo inflamatório crônico acaba levando à lesão da articulação, machucando, destruindo a articulação e levando à deformidade e incapacitação física com o tempo”, explicou Xavier.

De acordo com o médico, as doenças musculoesqueléticas, nas quais se inclui a artrite reumatoide, estão entre as maiores causas de afastamento do trabalho no Brasil. No entanto, se o tratamento é iniciado logo que a doença é diagnosticada, a pessoa consegue trabalhar e desenvolver suas atividades de forma normal.

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"O tratamento hoje é bastante efetivo. Temos muitas opções terapêuticas. O percentual de pacientes em que não conseguimos o controle adequado da doença é realmente muito pequeno hoje. Se ele faz o tratamento e tem acesso ao médico, vai ficar bem", afirmou

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