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Bo Xilai, político chinês que foi ministro do Comércio e caiu em desgraça após um dos maiores escândalos da política da China, negou nesta quinta-feira ter recebido subornos de empresários e afirmou não saber de uma propriedade na França ligada à sua família, segundo transcrição de seu julgamento.
Segundo os documentos divulgados pelo Tribunal Popular Intermediário de Jinan, Bo negou ter recebido 20 milhões de yuan de Xu Ming, empresário da cidade de Dalian, onde Bo foi prefeito na década de 1990. "Desde o começo, eu nunca admiti algo a respeito desses 20 milhões de yuan", disse ele, afirmando que Xu era amigo de sua mulher, Gu Kailai. "Xu Ming não era meu amigo", afirmou, negando também ter conhecimento da casa na França.
O Wall Street Journal publicou no início do mês que uma propriedade em Cannes, sul da França, chamada Villa Fontaine Saint Georges, tem ligação com a família de Bo. Embora os documentos de posse não mencionem a família, eles mostram que ela é administrada por uma série de pessoas ligadas a Bo, dentre elas o empresário britânico Neil Heywood. No ano passado, Gu foi condenada pelo assassinato de Heywood num hotel de Chongqing em 2011.
Em depoimento ao tribunal, Xu disse que pagou US$ 3,2 milhões pela propriedade para o uso de Gu, assim como despesas de viagem e locomoção do filho do casal, Bo Guagua. Em troca, segundo Xu e os promotores, Bo o ajudou em acordos empresariais, dentre eles a compra de um time de futebol em Dalian no ano 2000.
Bo disse não ter conhecimento de qualquer gasto de Xu para ajudar Bo Guagua. "Tudo o que posso dizer é que Gu Kailai mencionou que Xu Ming foi bom para Guagua", disse ele.
No tribunal, Bo procurou se distanciar da mulher e de seus gastos, dizendo que o casal passava pouco tempo junto e que a distância aumentou quando ele se tornou ministro do Comércio e depois, em 2007, quando assumiu a chefia do partido na cidade de Chongqing. "Era difícil falar sobre despesas do dia a dia, quanto mais quanto dinheiro Guagua gastava", declarou Bo, segundo as transcrições.
Mais cedo nesta quinta-feira, Bo negou as acusações de que recebeu subornos de outro empresário de Dalian e contestou um testemunho escrito de Gu, que forneceu alguns detalhes sobre a riqueza do casal.
Meios de comunicação estatais disseram esperar que o julgamento acabe até sexta-feira e que o veredicto seja divulgado em setembro.
Os tribunais chineses são controlados pelo Partido Comunista e especialistas dizem que a condenação de Bo é praticamente certa. Ao mesmo tempo, funcionários do Partido têm interesse em fazer com que o julgamento prossiga sem problemas porque Bo ainda conta com apoio no partido e em várias partes do país.
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