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A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados discutiu ontem (23), em audiência pública, a atuação do Black Bloc em manifestações populares no país. De acordo com a professora de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, Esther Gallego, a violência do grupo é um sintoma de uma “doença institucional”. "Eles estão falando alto e claramente sobre as insatisfações dos jovens brasileiros", disse.
Black Bloc é o nome dado a uma estratégia de manifestação e protesto anarquista, na qual pessoas que têm afinidades, mascaradas e vestidas de preto, se reúnem durante as manifestações. O grupo tem atuado principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Desde o início das ações violentas dos blacks blocs, Esther Gallego vem conversando com alguns deles. Segundo a professora, o grupo é formado por jovens de classe média baixa, maduros politicamente e que querem uma mudança estrutural no sistema político brasileiro.
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“Eles falam que estão totalmente insatisfeitos com a política e como o governo não os escuta. Eles usam a violência para chamar atenção. Não acreditam em nada e não se sentem representados pelos políticos”, disse Esther Gallego. Para a professora, a violência da polícia e dos blacks blocs está aumentando e cada vez mais dificultando o diálogo.
Para Gustavo Romano, advogado e coordenador do blog Para Entender Direito, da Folha de S.Paulo, nada pode ser feito se não se souber o que eles querem, e isso não está claro. “Sem a violência, eles não teriam se tornado atores políticos. Mas, para a democracia, isso não funciona", disse.
Na avaliação de Romano, os Parlamentos municipais, estaduais e federal devem entender que, se não trouxerem essas pessoas para o sistema político, o país sempre vai passar por esse tipo de manifestação. "Essas pessoas acham que o Parlamento não as representa. Nós temos que encontrar mecanismos para dar voz a elas”, ressaltou.
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"Mesmo aqueles que agiram de forma criminosa podem ter reivindicações legítimas, porque, embora o método que escolheram seja inadequado, para não dizer criminoso, o que eles querem pode ser a expressão do anseio ainda incompreendido do resto da sociedade que está silente", completou Romano