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A Diocese de Nova Friburgo informou nesta sexta-feira à Nunciatura Apostólica, consulado do Vaticano em Brasília e responsável pela ordenação de religiosos, sobre a sagração promovida no município de Nova Friburgo (Região Serrana do Rio) na quinta-feira pelo bispo britânico d. Richard Williamson, de 75 anos. No Mosteiro de Santa Cruz, o adepto da corrente de católicos tradicionalistas nomeou bispo o padre francês Jean-Michel Faure, de 73 anos.
O ato cometido é motivo para excomunhão imediata dos dois envolvidos, como está previsto no Código de Direito Canônico. A Diocese informou que o mosteiro "não é vinculado à Igreja Católica, muito menos agora com esta situação". "Trata-se de uma comunidade cismática", divulgou a Diocese. Procurada pela reportagem, a Nunciatura Apostólica respondeu que o núncio Giovanni d'Aniello encontra-se no exterior. Informou ainda que "não pode responder por pessoas que não estão em comunhão com a Igreja Católica" e tudo "já foi feito através da Diocese" e que não há "mais nada a comentar".
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"Não há nenhum problema (em sermos excomungados), porque entendemos que é uma reação perfeitamente inválida. Para nós não surte nenhum efeito", disse Faure, logo após a cerimônia de sagração, totalmente celebrada em latim e de costas para o público. "É provável que haja alguma reação do Vaticano, mas não temos preocupação nenhuma, porque há meses pensamos sobre a situação e tomamos essa decisão", acrescentou o religioso.
O Vaticano será desobedecido por Williamson mais uma vez no sábado, quando às 9h será ordenado padre o nicaraguense André Zelaya de León, um dos nove monges que vivem no mosteiro. Mesmo com a dupla infração, o teólogo e professor da PUC-SP Fernando Altemeyer destaca que o papa Francisco está "acima da lei" e pode perdoar os religiosos, contrariando o direito canônico. "A maior parte das palavras dele são de compaixão. Acho que ele vai tentar um diálogo, o problema é um diálogo sobre o leite derramado."
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Os católicos tradicionalistas, corrente à qual pertencem Williamson e Faure, defendem a manutenção de ritos e práticas anteriores ao Concílio Vaticano II, concluído em 1965, quando houve uma reforma na Igreja Católica. A dissidência foi fundada pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre (1905-1991), adversário de mudanças na Igreja Católica. Em junho de 1988, sem o consentimento do papa João Paulo II, Lefebvre, líder da Fraternidade Sacerdotal Pio X, ordenou bispos Williamson e mais três padres. Os cinco foram excomungados. Em 2009, o então papa Bento XVI cancelou a decisão.
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