Cotidiano

Bispo da Diocese de Santos defende nova dinâmica pastoral

Dom Tarcísio Scaramussa, novo bispo da Diocese de Santos, afirma que a Igreja Católica precisa de mudanças para ser mais fraternal e evangelizar melhor

Publicado em 06/07/2015 às 10:18

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Tarcísio Scaramussa assumiu oficialmente a Diocese de Santos em maio deste ano, mas desde o ano passado está na Região analisando as mudanças que as paróquias precisarão enfrentar durante a sua gestão. Seguindo o que é pregado pelo papa Francisco à risca, o novo bispo já tem a resposta para sua análise dos últimos meses: “Isso não é só uma coisa da minha cabeça, mas é a atual dinâmica da Igreja. Hoje, com o papa Francisco, a Igreja recebeu um impulso novo para ser uma Igreja mais missionária, que vá ao encontro das pessoas, principalmente dos mais necessitados, e que anuncie realmente Jesus Cristo. Que seja mais evangelizadora, fraterna, uma presença alegre e positiva no mundo”.

Segundo ele, para que a Igreja entenda toda esta mudança necessária, a dinâmica atual precisará ser alterada. “Isso significa uma mudança na dinâmica da Diocese, que nós chamamos de conversão pastoral. Precisamos mudar nosso jeito de ser, de agir, de se relacionar. Pensar mais para fora da Igreja”, complementa.

As primeiras ações concretas já estão em prática e visam fazer padres e membros da Igreja entender o que precisa ser feito. “Precisamos criar toda uma consciência de Igreja. Nós instituímos, por exemplo, uma equipe de assessoria pastoral, para ajudar a refletir sobre a realidade pastoral: fazer pesquisa e levantar dados para ajudar na percepção do quais são as necessidades pastorais. Mudar o padre de uma paróquia para outra não muda a situação da Igreja, pode mudar a situação de um padre, de uma comunidade, mas a Igreja continua sendo a mesma”.

Scaramussa acredita que o diálogo é o melhor caminho para melhorar um dos principais carismas de toda a Igreja: a acolhida. A forma como os fiéis são recebidos sempre faz diferença, mas, para o novo bispo, esta pastoral ainda precisa ser transformada. “Nós precisamos mudar muito nesta questão de acolhida, de Igreja em saída. Ir ao encontro das pessoas para que não seja só uma questão burocrática. Quem buscar a Igreja por um batismo, por exemplo, está buscando uma coisa boa. Então é preciso conversar, conhecer melhor, entrar em diálogo”.

A Reportagem do Diário do Litoral já recebeu reclamações sobre paróquias da Região que não realizam batismo de crianças com pais separados ou mães solteiras ou, até mesmo, casais que estão juntos, mas não oficializaram a união na Igreja. “O papa Francisco tem insistido sobre isso: esse jeito burocrático de lidar com as pessoas não é fraternidade e relacionamento de fé. Nós somos irmãos, cada um na sua situação”, confirma o bispo, ressalvando também que muitos pais batizam seus filhos somente por uma questão cultural e não fazem uma iniciação correta na igreja.

'A Igreja Católica batiza muitos, mas não está sabendo evangelizar', comenta o Bispo (Foto: Luiz Torres/DL)

A falta de uma boa acolhida por parte da Igreja e o erro na iniciação de fé das crianças por parte dos pais e padrinhos são alguns dos motivos que aumentam o número de migração dos fiéis batizados na Igreja Católica para as igrejas evangélicas. “A acolhida é importante. Mas colocaria o batismo também nesta questão. Batizamos, geralmente, muitas crianças, mas não fazer a iniciação correta. A Igreja Católica batiza muitos, mas não está sabendo evangelizar”.

Para o novo bispo, Igreja precisa acolher a todos

Em meio às polêmicas criadas com a aprovação do casamento gay nos Estados Unidos e os ataques de cristãos evangélicos e católicos mais extremistas aos homossexuais, a Diocese de Santos se posiciona a favor da misericórdia.

“Casais que estão em segunda união, homossexuais ou pessoas que estão em outra situação de vida que não estão, exatamente, de acordo com o ensinamento da Igreja. Esta é a nossa realidade de pessoas humanas. No entanto, a Igreja precisa acolher todas as pessoas e ser misericordiosa para com todas. Esta é a nossa missão: se esta pessoa está buscando a Igreja e buscando a Jesus Cristo, como podemos levá-la para um caminho de fé?”, questiona.

Mesmo assim, Scaramussa ressalva que o fato de respeitar e acolher não significa aprovar. “Isso não significa que a Igreja aprove tudo o que é novidade na sociedade ou na cultura. A Igreja se fundamenta no Evangelho, que é a base da vida da Igreja”. Ou seja, a Igreja sempre irá seguir os fundamentos bíblicos, respeitando o livre arbítrio de cada um. “A Igreja continua valorizando a família e o matrimônio. Agora, se as pessoas fazem outras escolhas, a Igreja respeita. Ela apoia toda a luta contra qualquer tipo de discriminação”.

 

 

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