Cotidiano

Bicampeão mundial pelo Brasil, Djalma Santos morre aos 84 anos

O ex-jogador estava internado no Hospital Hélio Anogtti desde o dia 1º de julho por causa de um quadro de pneumonia e insuficiência respiratória

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 23/07/2013 às 22:04

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O garoto pobre da Parada Inglesa tinha como sonho ser piloto de avião, e jamais imaginou ser um dos maiores jogadores da história do futebol, com direito ao apelido de "Lord", que recebeu dos sisudos ingleses. Este foi Djalma Santos, que morreu na noite desta terça-feira, aos 84 anos, em Uberaba (MG). Ele estava internado no Hospital Hélio Anogtti desde o dia 1º de julho por causa de um quadro de pneumonia e insuficiência respiratória.

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Djalma Santos tinha sido internado após ter passado mal ao assistir pela tevê a vitória do Brasil sobre a Espanha, no dia 30 de junho, na final da Copa das Confederações. Ele chegou a UTI em 11 de julho, mas sofreu uma recaída no último sábado e voltou para a unidade de terapia intensiva. A situação se agravou nesta terça-feira, quando o ex-jogador passou a apresentar insuficiência renal. Teve uma parada cardiorrespiratória e morreu às 19h30.

A forma dócil com que tocava na bola, a maneira correta para desarmar o adversário e a entrega certeira para os companheiros fizeram deste paulistano o lateral-direito da seleção brasileira em quatro edições da Copa do Mundo (1954, 1958, 1962 e 1966), com direito a dois títulos (58 e 62). Foram 98 jogos oficiais com a camisa verde-amarela e três gols marcados.

Em 1963, ele teve a honra de ser eleito para a seleção da Fifa, ao lado de mitos como Puskas, Di Stéfano, Eusébio e Yashin, para disputar um amistoso com a Inglaterra em Wembley, em comemoração à fundação da federação local. O selecionado perdeu, mas Djalma Santos foi aplaudido de pé.

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Dono de um físico privilegiado, tinha como jogada característica o incrível arremesso lateral, que se tornava uma arma temida por todos os rivais. A força necessária para transformar a cobrança em cruzamentos para a área adversária foi adquirida em intermináveis exercícios feitos com medicine-ball, até que os braços ficassem dormentes.

Djalma Santos morreu nesta terça-feira, aos 84 anos (Foto: Divulgação)

Como na seleção, Djalma Santos construiu uma carreira de muito sucesso nos clubes pelos quais passou em 22 anos de carreira. Primeiro na Portuguesa, depois de ser reprovado na "peneira" do Corinthians. Foi descoberto por Conrado Rossi, técnico das categorias de base do time do Canindé. Em quatro meses no ano de 1948, sua categoria o transformou em profissional, dividindo o gramado com nomes consagrados como Renato, Nininho e Pinga. Atuava como volante, mas, com a chegada de Brandãozinho, passou para a lateral direita.

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Foram dez anos de sucesso no momento mais glorioso da Portuguesa Ganhou dois títulos do Torneio Rio-São Paulo (1952 e 1955), a "Fita Azul" pela excursão invicta à Europa e a convocação para as seleções paulista e brasileira. Até hoje é o segundo jogador que mais vestiu a camisa lusitana.

Em 1958, ganhou o primeiro título mundial com a seleção na Suécia, ao disputar apenas a final no lugar do então titular De Sordi. O ponta-esquerda sueco Skoglund, apontado como o melhor da posição na Copa, não viu a cor da bola naquela decisão.

ACADEMIA - No mesmo ano, se transferiu para o Palmeiras e fez parte da primeira "Academia". Atuou em 498 jogos com a camisa palmeirense, na época em que era a única equipe paulista capaz de fazer frente ao Santos de Pelé. Foram três títulos paulistas, dois da Taça Brasil (equivalente ao atual Campeonato Brasileiro), um Robertão e um Rio-São Paulo.

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Sua passagem pelo Palmeiras, que durou até 1968, serviu também para acabar de vez com os últimos resquícios de racismo que imperavam no clube. Até a sua contratação, apenas dois jogadores negros tinham vestido a camisa verde: Og Moreira e Liminha.

Em 1962, atuou como titular indiscutível da seleção que levantou o bicampeonato mundial no Chile. Sem a presença de Pelé, que se machucara contra a então Checoslováquia, Djalma Santos, juntamente com Gylmar, Bellini, Zito, Nilton Santos viu Mané Garrincha desequilibrar.

Em 1968, Djalma Santos foi para o Atlético-PR, time no qual se sagrou campeão paranaense em 1970. Jogou até o ano seguinte, e se aposentou aos 41 anos sem nunca ter sido expulso na carreira

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Sua fama de jogador habilidoso e de rara técnica fez com que várias lendas fossem criadas com seu nome. Uma das principais afirma que em um jogo entre a seleção brasileira e a Argentina, no Maracanã, Djalma Santos levou a bola de sua área até a adversária controlando com a cabeça. Histórias que apenas a um mito se pode conceber. Um mito para sempre.

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