Entrevista

Bayard: "Precisamos unir a todos pelo futuro de Santos"

Presidente da Transbrasa, Bayard Freitas Umbuzeiro Filho pede união política após o segundo turno das eleições

Da Reportagem

Publicado em 22/10/2024 às 08:00

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Bayard Freitas Umbuzeiro Filho, presidente da Transbrasa, pede união política após o segundo turno das eleições / DIVULGAÇÃO

A Transbrasa completa 50 anos de atividades em 2024 com uma história profundamente ligada ao Porto de Santos e ao bairro do Marapé. Bayard Freitas Umbuzeiro Filho, diretor-presidente da empresa, fala da história da Transbrasa, do momento atual da cidade e do porto, e das eleições para prefeito, a mais disputada dos últimos anos, em que ele pede que as disputas políticas sejam esquecidas assim que o novo eleito for conhecido, em uma união de todos pelo bem de Santos.

A Transbrasa é um terminal logístico portuário alfandegado com 50 anos de história ligada ao Porto de Santos. A empresa se instalou no Marapé após poucos anos de existência, em 1981, construindo uma relação profunda com o bairro.
Com 370 colaboradores diretos e cerca de 1.200 indiretos a empresa é reconhecida pela liderança em inovação que exerce no setor portuário, sendo pioneira em iniciativas como o uso de internet para agendamento de carga e descarga de caminhões e a armazenagem de contêineres empilhados, servindo de modelo para outros terminais e portos do Brasil.

Hoje a Transbrasa provê aos clientes serviços completos de comércio exterior, de ponta a ponta. Ela ocupa um espaço de 51 mil metros quadrados no Marapé, oferecendo serviços personalizados e customizados para atender as características de transporte, movimentação e armazenagem exigidas por cada tipo de carga, tudo em conformidade com as determinações das Autoridades, especialmente da Anvisa e do Ministério da Agricultura e Pecuária.

Diário do Litoral - Estamos às vésperas do segundo turno, o que devemos esperar do próximo prefeito para o porto e para a cidade de Santos?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho - Os dois candidatos são competentes e a gente os conhece. O Rogério por ter experiência e ser o prefeito e a Rosana ficou conhecida por sua competência como jornalista e pelo trabalho na Câmara, ajudando a Baixada Santista como um todo. O que eu espero é que, quem vencer, seja um excelente prefeito para a nossa cidade. Como nasci há muito mais tempo do que eles, estou nos meus 84 anos, desde 1940, quando nasci na Beneficência Portuguesa, o que eu quero é que o próximo prefeito utilize a tinta da sua caneta e contrate grandes planejadores para a cidade e solucione os problemas existentes de infraestrutura como as enchentes, na entrada da cidade, que combina com a entrada do porto. Que o próximo prefeito tenha a capacidade de executar as obras estruturantes e traga parceiros como um estadista, examinar o que é bom para a cidade e o que não é. Acabou a eleição, vamos juntar todo mundo, de ambos os lados, e trabalhar pelo cidadão santista. 

Diário do Litoral - E como deve ser o comportamento dos políticos, empresários, dos moradores, do santista em geral, na manhã de segunda-feira após a eleição, quando a gente souber quem é o próximo prefeito?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho - Eu acho que o católico deve encomendar uma missa, o evangélico encomendar um culto, enfim, todas as religiões, a população como um todo, pensando em união. Quem souber, faça sua oração, quem não souber, pense no que é melhor para a cidade. Vamos esquecer todo esse embate político e colocar a cidade de Santos como interesse maior, é isso que eu vejo que precisa ser feito após o resultado.

Diário do Litoral - Quais devem ser as prioridades da cidade?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho - Santos é o maior porto da América Latina e tem que ser visto como tal. Vamos começar pela entrada da cidade, precisamos passar um pente fino da entrada de Santos à Ponta da Praia e divisa com São Vicente. Precisamos melhorar o saneamento. São muitas construções novas, mas o sistema de água e tratamento de esgoto não acompanhou. Aumentou o volume e a estrutura ficou estagnada. A entrada da cidade é crítica para o porto, precisa de novos viadutos. Precisa melhorar o trânsito urbano e como a cidade é absolutamente plana, precisamos de um projeto para que o santista seja menos dependente do carro, com o uso da bicicleta, até em função da poluição. O uso da bicicleta deve ser incentivado e disciplinado. Aqui na Transbrasa, quando as pessoas nos dão o prazer de uma visita, nós brincamos que quem encontrar uma bituca de cigarro no chão ganha um fusquinha, e nós não temos nenhum gari aqui. Os próprios funcionários, quando veem alguma coisa no chão, eles recolhem na hora. Isso foi um processo de 10 ou 15 anos para estabelecer essa cultura. É preciso de uma proposta de educação para criar essa cultura de cuidado para os santistas, para melhorar a comunidade como um todo. A Transbrasa apoia iniciativas onde as crianças recolhem sujeira da areia da praia e vamos continuar apoiando, para desenvolver essa consciência.

Diário do Litoral - Essa cultura do cuidado, de zelar pelo patrimônio, pode ser implantada na cidade toda, em forma de um projeto de educação?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho - Não tenho nenhuma dúvida, não só pode, como deve ser implantada. Custa dinheiro, mas uma prefeitura como Santos pode reservar um bocadinho para campanhas educativas, não só na parte ambiental, mas em tudo.

Diário do Litoral - E com relação ao porto. O que precisa ser feito?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho - Infraestrutura para atender as necessidades de todos. Nós somos o maior porto da América Latina. Cerca de 60% do orçamento da cidade é gerado no porto, direta e indiretamente. Não existe porto eficiente sem um retroporto eficiente então toda essa infraestrutura precisa ser atendida.

Diário do Litoral - Como o senhor avalia essa história de 50 anos da Transbrasa e a ligação da empresa com a cidade de Santos?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho - A Transbrasa, como qualquer outra empresa familiar, teve altos e baixos, mas fomos persistentes e chegamos na época ao Marapé, o que nós tínhamos aqui era essa instalação da Codesp, onde hoje fica o terminal. O Marapé sempre foi um bairro que acolheu a Transbrasa. Aos poucos vieram um restaurante, uma padaria, uma oficina mecânica. O bairro foi crescendo e fomos ajudando nesse crescimento, em função dos nossos colaboradores que moram aqui. E hoje é um bairro tranquilo, de pessoas simples e educadas. Eu adoro o Marapé, e fico feliz quando venho aqui na Transbrasa e vejo o Marapé. A minha cabeça está aqui. A Transbrasa superou suas dificuldades e conseguimos produzir uma economia social interessante, com geração de empregos, salários, impostos pagos. Tudo o que é possível comprar no comércio santista, a Transbrasa compra aqui no município. Sou santista de nascimento, amo a minha cidade e procuro prestigiar o máximo possível.

Diário do Litoral - Dá pra dizer que a história da Transbrasa se mistura com a história do Porto de Santos e do Marapé?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho
- A Transbrasa é muito pequenininha diante dessas entidades enormes que são o porto de Santos e o Marapé. O que posso dizer é que tivemos uma participação importante, sobretudo de aprendizado, tanto no porto quanto no Marapé. Quando começamos não havia empilhadeira de grande porte, era tudo “carga na rua” como o pessoal costumava falar. Aqui no Marapé a gente convive e sempre teve relação muito próxima com a comunidade. Foi tudo um grande aprendizado pra todo mundo.

Diário do Litoral - Qual será o papel do túnel Santos-Guarujá no desenvolvimento do porto?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho - Essa movimentação entre os dois lados é fundamental. Não olhamos só o aspecto da movimentação de carga entre as margens direta e esquerda. Temos o aspecto turístico, mobilidade dos trabalhadores. Estamos em uma região metropolitana, não dá pra se isolar. Não tem como deixar São Vicente pra lá ou Guarujá pra lá. Precisamos de uma união dos prefeitos e cabe a Santos, por ser o maior município da região, exercer essa liderança.

Diário do Litoral - Como o senhor vê o papel do governador Tarcísio de Freitas e do secretário Jorge Lima (secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de São Paulo) no incentivo aos projetos estruturantes para a Baixada Santista?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho - Vejo com bons olhos algumas ações que estão sendo desenvolvidas. Essa visão é muito importante. O espaço que Santos tem pra crescer é a Área Continental. É lá que o próximo prefeito tem que ter uma visão de estadista e, porque não dizer empresarial, porque administrar uma prefeitura é como administrar uma grande empresa, com uma série de preocupações para resolver, precisa ir além da zeladoria. O prefeito tem que ter a cabeça na inovação, projetos para o futuro, projetar a cidade 40 anos pra frente. Santos merece uma administração competente e tanto um quanto outro que estão no segundo turno, têm condição de oferecer ao cidadão santista essa visão de um futuro muito próximo. É preciso acelerar esse futuro, senão nós vamos ficar pra trás.

Diário do Litoral - Como o senhor enxerga o futuro do Porto de Santos?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho
- Nosso porto nasceu predestinado a ser um porto de primeiro mundo sob todos os aspectos. O Governo Federal falha ao não dar ao Porto de Santos a devida atenção. Ele é um hubport por natureza e a gente fica na expectativa de recursos para as melhorias necessárias. É tudo uma questão de administrar com olhar empresarial, de atender as prioridades. Se a burocracia atrapalha, precisa dar um jeito na burocracia, simplificar para que os portos possam caminhar de maneira mais autônoma.  Acho que naturalmente, mesmo que a gente segure o crescimento, a necessidade é tamanha que o porto vai crescer. Estamos ao lado do maior parque industrial do Brasil, que é o estado de São Paulo. Precisamos nos preparar para o crescimento do volume de movimentação, retroporto, entrada e saída, desenvolver o modal ferroviário. O Porto de Santos tem um futuro fantástico.

Diário do Litoral - E a questão da preservação ambiental?
Bayard Freitas Umbuzeiro Filho
- Hoje temos tecnologia pra aplicar no que diz respeito à guarda da parte ambiental. Nós temos obrigação de preservar, mas é preciso equilibrar, precisamos saber como conviver, não podemos devastar e também não podemos frear o desenvolvimento.

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