Cotidiano

Baixada Santista corre risco de desabastecimento de água

MP investiga transferência de água para o Sistema Alto Tietê. Algumas obras já foram concluídas, outras estão em andamento e ainda há trabalhos previstos para o mês de julho

Publicado em 26/05/2015 às 10:43

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Continua depois da publicidade

O risco de desabastecimento de água na Baixada Santista não deve ser descartado. Um dos fatores que pode afetar a manutenção dos recursos hídricos na região é a captação de águas de rios próximos ao município de Bertioga para abastecimento do Sistema Produtor Alto Tietê como medida de enfrentamento da crise hídrica.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O rio Itatinga, por exemplo, desagua no rio Itapanhaú, que corta uma área importante de mangue, em Bertioga. Especialistas afirmam que, ao encontrar menor resistência para penetrar no mangue, a água do mar pode afetar o equilíbrio desse ecossistema, prejudicando a fauna marinha e a vegetação nativa.

O alerta foi dado pelo promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), do Ministério Público do Estado de São Paulo, Ricardo Manuel Castro, durante o Congresso de Direito Ambiental da Universidade Santa Cecília (Unisanta), realizado nos dias 20 e 21 deste mês.

O Ministério Público instaurou um inquérito civil que investiga várias obras de transferência de água para o Sistema Alto Tietê, provenientes de rios como Guaratuba, Itatinga e Itapanhaú, no litoral norte do estado. Algumas obras já foram concluídas, outras estão em andamento e ainda há trabalhos previstos para o mês de julho.

Continua depois da publicidade

Segundo o promotor Ricardo Manuel Castro, é preciso que sejam feitos estudos detalhados de impactos ambientais de modo a não prejudicar, por exemplo, os manguezais da região. Ele mencionou também a questão dos mananciais.

“O desmatamento e a falta de restauração da vegetação em áreas de mananciais é uma ameaça aos recursos hídricos. Boa parte dessa crise poderia ter sido evitada se planejamentos tivessem sido feitos de forma adequada e em tempo oportuno”. O tema de sua palestra foi Política de Recursos Hídricos e a Atuação do Ministério Público na Atual Crise. 

Tema foi debatido durante Congresso de Direito Ambiental realizado durante a semana passada (Foto: Matheus Tagé/ DL)
 

Continua depois da publicidade

Cultura do desperdício

A também promotora de Justiça do Gaema, Alexandra Facciolli Martins, participou dos debates do congresso e ressaltou a necessidade de uma mudança na cultura do uso da água.

“Não crescemos de forma sustentável. Para agravar a situação, ainda impera a cultura do desperdício. Que as mudanças venham pela consciência e não pelos impactos”.

Continua depois da publicidade

Nesse sentido, a promotora elogiou a iniciativa da Faculdade de Direito da Unisanta em escolher o tema para seu Congresso de Direito Ambiental. A promotora pertence ao Grupo de Apoio Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA PCJ) – Piracicaba e é mestre em Direito.

Outra questão é a dificuldade de se contentar os vários setores da sociedade envolvidos. Todos concordam que a prioridade para o consumo da água deve ser dos seres humanos, mas garantir o abastecimento a  segmentos como a indústria e a lavoura também é essencial, para evitar desemprego e queda na produção de alimentos.

O governo tem enfrentado dificuldades em contentar a todos devido à escassez de água por falta de chuvas, segundo  a promotora de Justiça.  Ela afirmou que a crise de abastecimento está afetando todos os setores na região de Piracicaba, Jundiaí e demais cidades atendidas pelo Sistema Cantareira. As leis a respeito estabelecem que a prioridade do consumo é dos homens e, em segundo lugar, dos animais.

Questão política

Continua depois da publicidade

Indústrias e a agropecuária pressionam as empresas de abastecimento, agravando o problema. Outro item que dificulta é a questão política, pois o governo se vê pressionado a atender a tantos interesses.

Isso ficou claro na exposição o coordenador da Comissão de Meio Ambiente do Colégio de Presidente da OAB Baixada Santista e professor universitário, Fábio Ribeiro Dib. Segundo ele, a Sabesp, como sociedade de economia mista, preocupa-se também em garantir a satisfação dos investidores da empresa da Bolsa de Nova York, que  pretendem lucrar com a venda da água. Esse fato dificulta a priorização no investimento de obras para aumentar a captação.

O superintendente regional da Sabesp, João César Queiroz Prado, ressaltou a eficiência da  empresa em investimentos na Região e lamentou o desperdício da água potável, por parte dos consumidores.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software