26 de Setembro de 2024 • 18:56
110 das 128 embarcações contratadas para carregar café em Santos sofreram algum atraso / Ricardo Botelho/Minfra
Os atrasos nas escalas de navios provocaram o represamento de 1,9 milhão de sacas de café nos portos do Brasil em agosto. Os dados foram revelados agora pelo Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé). De acordo com o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, o Porto de Santos registrou 86% de atrasos no mês passado, o maior índice de atrasos de porta-contêineres desde janeiro de 2023.
Em números, isso significou que 110 das 128 embarcações contratadas para carregar café em Santos sofreram algum atraso. Maior exportador de café do mundo, o cais santista foi o responsável pelo embarque de 67,9% do café vendido pelo Brasil no acumulado dos oito primeiros meses de 2024.
E a não realização desses embarques no prazo acordado entre exportadores e importadores impediu a entrada de R$ 2,651 bilhões em divisas ao Brasil em agosto, provocando custos extras aos exportadores de R$ 5,36 milhões. Esses prejuízos levam em conta despesas adicionais com armazenagens, pré-stackings, detentions e gates antecipados.
No complexo portuário do Rio de Janeiro, o segundo maior exportador dos cafés do Brasil, com representatividade de 29% entre janeiro e agosto deste ano, o índice de atrasos das embarcações foi de 66% no mês passado, o que envolveu 47 dos 71 navios destinados às remessas do produto.
Diante da criticidade na logística para exportação de café, o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, recorda que a entidade vem buscando diálogo com as autoridades públicas e privadas para encontrar um caminho que, ao menos, mitigue esses prejuízos ao comércio exportador.
“Esse cenário é reflexo dos congestionamentos portuários e da falta de infraestrutura adequada nos portos brasileiros para atender às demandas crescentes das cargas conteinerizadas destinadas à exportação. É importante que as autoridades públicas promovam o debate, por meio de audiências, com todos os elos do comércio exterior, na expectativa de encontrar medidas que reduzam os impactos desses gargalos logísticos e dos prejuízos aos exportadores”, resume Heron.
De acordo com o diretor técnico do Cecafé, os principais desafios que as empresas que embarcam o produto enfrentam estão relacionados à falta de estruturas adequadas para as cargas conteinerizadas, o que revela o esgotamento da infraestrutura nos portos brasileiros e a necessidade de ampliar a capacidade de pátio e berço, assim como o aprofundamento de calado para o recebimento das grandes embarcações.
“As cargas continuam chegando do interior, mas impedidas de entrar porque os pátios estão abarrotados. Se nada for feito, esse panorama só piorará com o acúmulo de carga não embarcada e não haverá eficiência de produtor e exportador que garantam que o Brasil continue alcançando níveis significativos em exportação e receita cambial, como os recordes em volume, de 31,9 milhões de sacas, e valor, de US$ 7,2 bilhões, obtidos com os embarques de café no acumulado de 2024 até agosto”, conclui Heron.
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