Cotidiano

Associação de síndicos quer realinhar prédios tortos no litoral de SP; entenda

Segundo o último levantamento realizado, em setembro do ano passado, existem 319 prédios com algum nível de inclinação em Santos

Nilson Regalado

Publicado em 04/08/2024 às 09:00

Atualizado em 04/08/2024 às 14:04

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O prédios tortos da Orla de Santos podem desaparecer / Nair Bueno/DL

O prédios tortos da Orla de Santos podem desaparecer. Pela primeira vez, uma associação de síndicos decidiu buscar o apoio do Governo Federal para realinhar os edifícios. A ideia é sensibilizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a criar uma linha de crédito específica, a juros subsidiados, para viabilizar o realinhamento dos edifícios onde moram milhares de santistas. 

O assunto será debatido na próxima terça-feira, em um encontro que deverá reunir dezenas de síndicos no Gonzaga. A estratégia é engajar o prefeito Rogério Santos (Republicanos) e usar o capital político dos deputados federais da região nessa empreitada.

O último levantamento realizado por técnicos da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Edificações, em setembro do ano passado, revelou que há 319 prédios com algum nível de inclinação em Santos. Desses, 65 estão de frente para o mar. Os edifícios tortos chamam a atenção de turistas e são conhecidos em todo o País.

Na época da divulgação dos dados, a Prefeitura afirmou que, apesar de estarem tortos, nenhum deles apresentava comprometimento da segurança estrutural. O levantamento foi feito após solicitação do vereador José Teixeira Filho, o Zequinha Teixeira.

Ainda que as inclinações não representem risco de colapso estrutural imediato, os condôminos querem reaprumar os prédios. "Estamos reunindo alguns síndicos para ver se a gente consegue que a Prefeitura faça a intermediação junto ao Governo Federal", resume Eliana de Mello, síndica de um condomínio no Gonzaga.

"Penso que a Prefeitura tem de nos ajudar porque eles cobram da gente laudos estruturais frequentes e caríssimos", completou a síndica de um outro condomínio que preferiu não se identificar. Ela afirma ter gasto R$ 150 mil só com o laudo mais recente.

O documento precisa ser elaborado por engenheiro especializado. Durante o estudo, é avaliado o grau de inclinação de cada edifício e se ele continua a inclinar ou se estabilizou. Cabe ao engenheiro contratado pelos próprios moradores sugerir eventuais intervenções a fim de garantir a segurança das estruturas.

Os laudos passaram a ser exigidos na virada do século, após a sanção da Lei Municipal 441/2001. As autovistorias devem ser refeitas a cada dois anos e são acompanhadas no âmbito do Programa dos Prédios Inclinados de Santos.

Impactos diferentes

Dois motivos provocaram a ocorrência de tantos prédios tortos em Santos. O primeiro é o terreno arenoso, especialmente na Orla, em bairros como Embaré, Boqueirão e Gonzaga.

O segundo fator era a incapacidade técnica das construtoras nas décadas de 1940, 1950, 1960 e 1970 para aprofundar as fundações até atingir a camada de rochas no subsolo e, assim, dar mais estabilidade às construções. Foi justamente nesse período que a maioria dos prédios da orla foi erguida.

E, no universo de construções entregues a partir dos anos 1940, há diferentes impactos, causados pelas características físicas de cada prédio.

Assim, edifícios estreitos e mais altos demandam maior atenção por parte dos engenheiros e da Prefeitura porque inclinam com mais facilidade. Já os grandes e retangulares afundam e, em tese, trazem risco menor para moradores e vizinhos.

Alto custo compensa

Uma das técnicas mais simples para tentar estabilizar os edifícios é reduzir o peso dessas construções nos lados onde ocorre a inclinação. E isso se dá com a remoção de estruturas eventualmente descartáveis. Mas nem sempre é possível. Nem, tampouco, garante que o edifício vai parar de entortar.

É claro que as soluções de engenharia variam de acordo com o peso, o tamanho e o nível de inclinação, mas estimativas dos próprios síndicos apontam que o custo pode chegar a um milhão de dólares, ou seja, algo entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões só para estabilizar uma torre, impedindo que continue a inclinar.

Para recolocar um edifício no prumo os valores são ainda maiores e as intervenções mais severas. Mas, o investimento pode valer a pena. Estimativas de corretores de imóveis apontam que o metro quadrado de apartamentos localizados em prédios alinhados pode valer até 40% mais.

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