Cotidiano
Nas últimas décadas, com os vários altos e baixos da economia, a entidade passou a ter dificuldades para sobreviver, mesmo por um período contar com uma parceria da prefeitura
A direção da Associação Assistencial Cidade de Criança está aos prantos / Nair Bueno/DL
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A direção da Associação Assistencial Cidade de Criança está aos prantos. O equipamento, que chegou a ser considerado pela Unesco referência internacional no atendimento a adolescentes na década de 1970, definha sob os olhos do poder público junto com uma parceria que há anos vem deixando a desejar ao ponto de quase todas as instalações estarem ruindo.
Nas últimas décadas, com os vários altos e baixos da economia, a entidade passou a ter dificuldades para sobreviver, mesmo por um período contar com uma parceria da Prefeitura de Praia Grande. Recentemente, um incêndio acelerou ainda mais o processo de destruição das dependências do complexo.
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A Cidade da Criança possui 600 mil metros quadrados (200 de área ocupada e 400 só de área preservada) praticamente ociosos. A área possui fonte de água, espaço esportivo; oito pavilhões; alojamentos; casas e pequenos apartamentos, usina elétrica, lagoa; igreja e uma sede de 400 metros quadrados, com um consultório dentário montado, entre outros imóveis. Mas tudo já se encontra em péssimo estado de conservação.
Desde 2020, a Direção da Cidade da Criança vem tentando agendar uma reunião com a Prefeitura de Praia Grande para sensibilizar a Administração a se unir com a entidade no sentido de recuperar a área e nela desenvolver um projeto voltado à infância e adolescência da Cidade.
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“Já faz tempo que estou pedindo socorro a todos os órgãos competentes. Tenho ciência que Mourão sempre buscou nosso espaço para desenvolver um grande projeto social desde de sua primeira campanha, em 1994. Eu o procurei antes da campanha (recente) com um pedido de socorro quanto ao local. Ele não podia fazer nada em campanha e fui me virando com a polícia militar, mas há invasões e furtos”, relata a presidente Cláudia Lima, que já foi várias vezes ameaçada, gerando boletins de ocorrência.
A representante da Cidade da Criança diz que chegou a relatar à ex-prefeita Raquel Chini e seus secretários sobre da venda de bebidas no local numa área esportiva ocupada. Sobre as dependências, disse que a Secretaria de Obras recebeu um relatório da Defesa Civil, “mas ninguém faz nada. A Justiça não dá uma definição. Estou pedindo ajuda para preservar esse patrimônio histórico, mas estou sozinha e cansada”, finaliza.
A Direção da Cidade da Criança chegou até a apresentar um projeto para a implantação de um hospital do câncer por conta da informação que crianças da Região que têm que se deslocar em busca de tratamento em outras cidades do Interior de São Paulo está acima de 90%. Chegou inclusive a promover estudo de viabilidade técnica que priorizaria o atendimento a crianças e adolescentes da Baixada Santista.
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A Direção alertava, inclusive, que pais e mães levam seis horas e meia de viagem entre Itanhaém e Barretos (Interior do Estado), por exemplo, por um atendimento, gastando grandes somas em dinheiro com transporte, alimentação e medicamentos.
Conforme publicado com exclusividade anteriormente, o documento sobre a viabilidade técnica chegou em Brasília (DF) por intermédio do senador Alexandre Luís Giordano (MDB) e possui também ficha técnica da Divisão de Obras da Prefeitura de Praia Grande, sob responsabilidade do engenheiro Eduardo Cales Adriano.
Também contava com a aprovação do Conselho Municipal de Saúde do Município, além do apoio de mais de 40 técnicos. O projeto abrange os nove municípios do litoral, em uma área doada em comodato por 50 anos, renováveis por mais 50 anos, com aprovação de mesmo período para também um centro universitário na área da saúde.
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Na ocasião, como membro da Comissão Especial destinada a acompanhar as ações de combate ao câncer no Brasil, o então deputado, hoje prefeito, Alberto Mourão (MDB) informou que o hospital do câncer da baixada santista é uma necessidade antiga da região que sempre o incomodou como gestor público, mas não via a possibilidade do equipamento ser sediado na Cidade da Criança.
A Prefeitura de Praia Grande confirma que a área particular conta com algumas estruturas em risco conforme vistorias realizadas pela Defesa Civil, tendo sido interditada e devidamente notificado pela Secretaria de Urbanismo aos proprietários. A última vistoria ocorreu no final de 2024. Além disso, a Administração Municipal explica que a Guarda Civil Municipal (GCM) realiza rondas constantes pelo bairro onde a associação está localizada.
O prefeito Alberto Mourão, já no dia 1º de janeiro, assinou uma ordem de serviço para que sejam realizadas tratativas entre a Administração e a diretoria atual para entender as dificuldades e a complexidade dos problemas que foram instalados ao longo de anos na associação, quando diversas diretorias passaram por lá.
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A Prefeitura agendará uma reunião para conhecer as pretensões da diretoria e verificar se elas compartilham com os interesses da sociedade e do Município.