Cotidiano

Às moscas, aeroporto poderia receber 100 mil passageiros ao ano no litoral de SP

Sem força política, Baixada Santista acabou preterida pela Petrobras, que transferiu voos com trabalhadores do pré-sal para o Rio de Janeiro

Igor de Paiva e Nilson Regalado

Publicado em 14/09/2024 às 07:00

Atualizado em 14/09/2024 às 22:29

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O aeródromo de Itanhaém tem capacidade para receber aviões para 100 passageiros / Divulgação/PMI

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Inaugurado em 1950, o Aeroporto Antônio Ribeiro Nogueira Júnior já foi um dos mais movimentados do Estado. Na década passada, a pista localizada às margens da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega chegou a registrar até 22 mil operações de pouso e decolagem por ano. E a economia de Itanhaém decolava junto, com a atração de 1.600 novas empresas e a geração de novos postos de trabalho.

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Mas, vieram novos ventos e ‘cumulonimbus’ cobriram o aeroporto do Litoral Sul desde que a Petrobras resolveu transferir para o Rio de Janeiro todos os voos com trabalhadores e suprimentos para as plataformas de petróleo da Bacia de Santos.

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Hoje, o movimento de pousos e decolagens caiu 66% e o número de passageiros despencou mais de 90%. No auge, 19 mil passageiros embarcaram ou desembarcaram na Terra de Anchieta em 12 meses. Hoje, seriam mais de 100 mil passageiros/ano, segundo cálculos da Federação Nacional dos Petroleiros. Mas, em 2023, foram só 1.436.

Segundo a Gerência de Imprensa da Petrobras no Rio de Janeiro, atualmente, os voos da empresa “para a Bacia Petrolífera de Santos são atendidos pelos aeroportos de Cabo Frio, Maricá e Jacarepaguá”, todos no Estado do Rio de Janeiro.

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A companhia conta com “um efetivo aproximado de 12.900 que atuam diretamente na Bacia Petrolífera de Santos, entre próprios e terceirizados, nos regimes em terra e no mar”. Em relação à possibilidade de retomada das operações em Itanhaém, a empresa se limitou a dizer que “avalia, permanentemente, a necessidade de bases de voos para garantir segurança e bem-estar aos seus trabalhadores”.

No início da década passada, a Petrobras chegou a investir R$14 milhões na melhoria da infraestrutura de segurança e de embarque/desembarque no Litoral Sul de São Paulista. O Governo do Estado também aplicou R$9 milhões no aeroporto, antes de transferir a administração do aeródromo do Departamento Aeroviário (Daesp) à Rede Voa SP, que gerencia outras 15 pistas de pouso em diversas regiões de São Paulo.

“A partir de 2016, com a saída da Dilma (Rousseff), e até 2022, eles centralizaram tudo no Rio de Janeiro. Com (Michel) Temer na Presidência da República (2016/2018), acabou a exigência do conteúdo local, acabou a indústria naval”, explica Adaedson Costa, secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros.

“Quando existia a obrigação do conteúdo local, a Petrobras tinha duas plataformas no pré-sal, Merluza e Mexilhão, e tinha a previsão de mais nove plataformas. No mínimo multiplicaria por quatro ou por cinco o número de embarques/desembarques em Itanhaém”, completa o Secretário-geral da Federação dos Petroleiros.

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Hoje, funcionários da Petrobras residentes na Baixada Santista precisam se deslocar até o Aeroporto de Congonhas para, daí, pegar a ponte aérea até o Rio de Janeiro, onde embarcam para as plataformas da Bacia de Santos. Já os terceirizados vão dirigindo até o Rio ou vão de ônibus até o Litoral Norte, quando o embarque se dá nos aeroportos de Cabo Frio ou Maricá.

“A decisão da Petrobras causou prejuízos para as redes hoteleira, comércio e prestação de serviços”, resumiu a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Itanhaém, em nota.

Tudo no Rio de Janeiro

Além de atenderem as plataformas da Bacia de Santos, os aeroportos de Maricá, Cabo Frio e Jacarepaguá também servem de apoio a todas as plataformas da Petrobras na Bacia de Campos, no litoral norte do Rio de Janeiro, no embarque e desembarque de trabalhadores e mantimentos.

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Ainda de acordo com a empresa, diariamente são realizadas entre 20 e 26 operações de pouso e decolagem de helicópteros a serviço da Petrobras. E esses números são relativos apenas ao Aeroporto de Jacarepaguá em direção ao pré-sal da Bacia de Santos.

Com uma pista nas mesmas dimensões daquela disponível no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, o aeródromo de Itanhaém tem capacidade para receber aviões para 100 passageiros, como os Boeings 737.

Segundo a Rede Voa SP, em 2023 o Aeroporto de Itanhaém registrou o embarque ou o desembarque de 1.436 passageiros. Isso representou apenas 6,52% do volume de pessoas que transitaram do aeródromo do Litoral Sul. Neste ano, de janeiro a agosto, foram 1.091 passageiros.

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Já em relação aos voos, foram 3.665 pousos e 3.616 decolagens em 2023. Neste ano, de janeiro a agosto, foram 4.238 movimentações de aeronaves.

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