Cotidiano
A ave habita principalmente os estados do Centro Oeste, em Tocantins e no Pará e foi fotografada por um estadunidense
A Arara-azul apareceu em Peruíbe, no litoral de SP / Daniel Hinckley
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Um flagrante inusitado ocorreu neste mês de outubro, em Peruíbe, na Pousada Samambaia Azul, especializada em Observação de Aves. Foi de lá que fotografaram uma Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), espécie ameaçada de extinção e que ocorre principalmente nos estados do Centro Oeste, em Tocantins e no Pará, além de outros. Acredita-se que ela pode ter fugido das queimadas ou que escapou de algum cativeiro
Quem fez o registro foi o fotógrafo e observador de aves estadunidense, Daniel Hinckley, que se hospeda na Pousada desde 2019 e fica por lá o máximo que pode, que são os seis meses permitidos a qualquer turista. Ele disse que um deck, localizado no topo, é o seu lugar favorito, de onde observa os comedouros de aves, o mar, as ilhas, as praias, a foz, o rio e a floresta e também o céu.
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Se um pássaro passa e desperta o interesse dele, logo fotografa. E assim foi com a Arara-azul, que ele quase não acreditou no que tinha registrado:
“A Arara-azul apareceu como um pequeno ponto diretamente acima. É raro ver pássaros voando tão alto e comecei imediatamente a tirar fotos. Com a ampliação do visor da câmera tive mais detalhes e vi uma cauda longa. Pensei no Gavião-tesoura, que não é nada comum, e tirei 61 fotos dele até fugir de tudo. Foi revisando as fotos na câmera que finalmente consegui ver bem o que estava fotografando: Arara-azul! Eu não pude acreditar.”
Hinckley disse que passa grande parte do tempo fotografando, gravando e contando as aves desde que se aposentou e colabora na chamada "Ciência Cidadã", maioritariamente através da plataforma "eBird" da Universidade Cornell de Nova Iorque, ajuda na revisão das observações que chegam na Espanha, enquanto no Brasil publica as observações, fotos, gravações e vídeos.
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Ele falou que acredita que a aparição da espécie em um local tão longe de onde ela originalmente ocorre possa ter a ver com a fuga de um suposto cativeiro ou mesmo as queimadas:
“Dada a distância às áreas habituais da espécie, esta observação será provavelmente interpretada como uma libertação ou fuga de um espécime em cativeiro. Espero que essa seja a explicação porque a alternativa é pior. Nos incêndios florestais dos últimos anos no Pantanal e no Amazonas, grande parte das palmeiras que lhes fornecem alimento foi queimada. Sabe-se que esta espécie é capaz de realizar longas viagens em busca de alimento. Estamos a cerca de dez horas de voo dos registros naturais das Araras azuis. Não vejo como louca a ideia de que seja um pássaro em busca desesperada por comida. Acho que nunca saberemos com certeza.”
De acordo com os dados do wikiaves, havia apenas 2500 indivíduos da arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) em 1988, mas esse número saltou para 4000 em 2010, provavelmente devido ao combate ao comércio ilegal e à criação de reservas ecológicas, mas ela ainda está classificada como ameaçada de extinção, mas agora na categoria “vulnerável”, na lista vermelha da IUCN.
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Alimenta-se de frutos das palmeiras e pode ser encontrada nos estados de Mato Grosso (Pantanal), Mato Grosso do sul, Tocantins (Cariri do Tocantins), Goiás (rio Tocantins), Minas Gerais (médio São Francisco), Bahia (alto rio Preto), sul do Piauí (Corrente), no Maranhão, Pará (Transamazônica e leste do Estado) e Amapá (próximo ao rio Amazonas).
Encontrada também na Bolívia, próximo da divisa com o Brasil e norte do Paraguai. Reportada como provável para o rio Mapori no sudeste da Colômbia (Vaupés).