Cotidiano

Arara ameaçada de extinção é vista no litoral de SP e pode ter fugido das queimadas

A ave habita principalmente os estados do Centro Oeste, em Tocantins e no Pará e foi fotografada por um estadunidense

Márcio Ribeiro, de Peruíbe para o Diário do Litoral

Publicado em 01/11/2024 às 12:42

Atualizado em 01/11/2024 às 12:42

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

A Arara-azul apareceu em Peruíbe, no litoral de SP / Daniel Hinckley

Continua depois da publicidade

Um flagrante inusitado ocorreu neste mês de outubro, em Peruíbe, na Pousada Samambaia Azul, especializada em Observação de Aves. Foi de lá que fotografaram uma Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), espécie ameaçada de extinção e que ocorre principalmente nos estados do Centro Oeste, em Tocantins e no Pará, além de outros. Acredita-se que ela pode ter fugido das queimadas ou que escapou de algum cativeiro

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Quem fez o registro foi o fotógrafo e observador de aves estadunidense, Daniel Hinckley, que se hospeda na Pousada desde 2019 e fica por lá o máximo que pode, que são os seis meses permitidos a qualquer turista. Ele disse que um deck, localizado no topo, é o seu lugar favorito, de onde observa os comedouros de aves, o mar, as ilhas, as praias, a foz, o rio e a floresta e também o céu.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Ave rara no litoral de SP é fotografada em pleno calçadão de Peruíbe

• Ave anilhada no Reino Unido é encontrada morta no litoral de SP

• Conheça o guará vermelho, ave-símbolo de cidade do Litoral de SP

Se um pássaro passa e desperta o interesse dele, logo fotografa. E assim foi com a Arara-azul, que ele quase não acreditou no que tinha registrado:
 
“A Arara-azul apareceu como um pequeno ponto diretamente acima. É raro ver pássaros voando tão alto e comecei imediatamente a tirar fotos. Com a ampliação do visor da câmera tive mais detalhes e vi uma cauda longa. Pensei no Gavião-tesoura, que não é nada comum, e tirei 61 fotos dele até fugir de tudo. Foi revisando as fotos na câmera que finalmente consegui ver bem o que estava fotografando: Arara-azul! Eu não pude acreditar.”

Hinckley disse que passa grande parte do tempo fotografando, gravando e contando as aves desde que se aposentou e colabora na chamada "Ciência Cidadã", maioritariamente através da plataforma "eBird" da Universidade Cornell de Nova Iorque, ajuda na revisão das observações que chegam na Espanha, enquanto no Brasil publica as observações, fotos, gravações e vídeos.

Continua depois da publicidade

Ele falou que acredita que a aparição da espécie em um local tão longe de onde ela originalmente ocorre possa ter a ver com a fuga de um suposto cativeiro ou mesmo as queimadas:

“Dada a distância às áreas habituais da espécie, esta observação será provavelmente interpretada como uma libertação ou fuga de um espécime em cativeiro. Espero que essa seja a explicação porque a alternativa é pior. Nos incêndios florestais dos últimos anos no Pantanal e no Amazonas, grande parte das palmeiras que lhes fornecem alimento foi queimada. Sabe-se que esta espécie é capaz de realizar longas viagens em busca de alimento. Estamos a cerca de dez horas de voo dos registros naturais das Araras azuis. Não vejo como louca a ideia de que seja um pássaro em busca desesperada por comida. Acho que nunca saberemos com certeza.”

Arara-azul

De acordo com os dados do wikiaves, havia apenas 2500 indivíduos da arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) em 1988, mas esse número saltou para 4000 em 2010, provavelmente devido ao combate ao comércio ilegal e à criação de reservas ecológicas, mas ela ainda está classificada como ameaçada de extinção, mas agora na categoria “vulnerável”, na lista vermelha da IUCN.

Continua depois da publicidade

Alimenta-se de frutos das palmeiras e pode ser encontrada nos estados de Mato Grosso (Pantanal), Mato Grosso do sul, Tocantins (Cariri do Tocantins), Goiás (rio Tocantins), Minas Gerais (médio São Francisco), Bahia (alto rio Preto), sul do Piauí (Corrente), no Maranhão, Pará (Transamazônica e leste do Estado) e Amapá (próximo ao rio Amazonas).

Encontrada também na Bolívia, próximo da divisa com o Brasil e norte do Paraguai. Reportada como provável para o rio Mapori no sudeste da Colômbia (Vaupés).

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software