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Um ano depois do desabamento de três edifícios no centro do Rio de Janeiro, que provocou a morte de 17 pessoas e o desaparecimento de outras 5, familiares e amigos das vítimas fizeram na manhã desta sexta-feira uma homenagem no local onde ocorreu a tragédia. Eles ainda buscam respostas sobre os culpados e planejam ingressar na Justiça com pedidos de indenização, mas ainda aguardam o resultado das investigações para pleitear o direito, já que ninguém ainda havia sido formalmente responsabilizado.
"A gente está querendo é Justiça, não ficar enrolando como fizeram durante um ano", disse Marinez Lacerda Mussi, viúva do professor de tecnologia da informação Omar José Mussi, que dava aula para sete alunos da empresa TO no sexto andar do edifício quando ocorreu o acidente. "É um absurdo com as vítimas e com a gente, ter que ficar remoendo e esperando os culpados serem punidos." Ela teme que o processo para obter a indenização demore ainda mais. "Eu não quero pra minha tataraneta receber nada não. Porque aí não adianta."
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Somente nesta semana, depois de a investigação ter passado por diferentes órgãos, o Ministério Público Estadual denunciou seis pessoas pelo desabamento: o presidente e a funcionária administrativa da empresa Tecnologia Organizacional (TO), que fazia uma reforma no nono andar do edifício, e quatro pedreiros. O síndico Paulo Renha, de 83 anos, também seria denunciado, mas ele morreu na quinta-feira (24).
A decisão de incluir os pedreiros dentre os denunciados causou revolta entre alguns dos familiares das vítimas. "Queremos que o culpado seja responsabilizado pelo ato. Mas não são os pedreiros, porque isso é covardia. Isso é um ato de covarde. Culpado é o engenheiro, é o administrador, é a prefeitura que não fiscaliza", disse a veterinária Michele Barbosa. O marido de Michele, Marcelo Rebelo, é uma das cinco vítimas consideradas desaparecidas.
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Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea/RJ), Agostinho Guerreiro, a denúncia deveria incluir agentes do poder público. "Deveria envolver os responsáveis pela fiscalização sim. Se começar a colocar contra a parede aqueles que são os responsáveis imediatos previstos na Constituição, já que a ocupação do solo urbano é responsabilidade das Prefeituras, aí se começa também a encontrar soluções de prevenção, para que isso não ocorra novamente e possamos salvar vidas."