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Um estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) mostra queda no apoio às manifestações populares nos últimos meses. De acordo com o estudo, em agosto de 2013, 75% dos entrevistados apoiavam ou haviam participado de protestos. Em maio de 2014, o percentual caiu para 54%. No ano passado, 25,69% das pessoas desaprovavam as manifestações, contra 45,78% em maio deste ano. Cerca de 3.800 pessoas, em 215 cidades, foram ouvidas no ano passado e este ano sobre o assunto e também para avaliar as políticas públicas.
Segundo o ministro da secretaria, Marcelo Neri, a pesquisa permitiu traçar o perfil do manifestante. “Variáveis como acesso à internet, juventude, ajudam a explicar a adesão. Não são jovens das classes mais baixas, são jovens mais educados, com trabalho. Não foi uma manifestação de desempregados contra a desigualdade, como o Ocupem Wall Street”, disse, ao apresentar o estudo em palestra para jornalistas estrangeiros e brasileiros no centro de mídia da Copa do Mundo.Conforme o estudo, a maioria das pessoas que participaram dos protestos tinha entre 15 e 29 anos de idade, cerca de 44% tinham plano de saúde, 93% usavam internet como fonte de informação e 26% tinham ensino superior incompleto ou completo. O estudo apontou que 60% disseram que não iriam às ruas em 2014, embora 34% deste percentual responderam que aprovavam as manifestações.
Para integrantes de movimentos sociais e especialistas, a queda na adesão pode estar relacionada aos atos violentos. O cientista político Leonardo Barreto lembra que muitos dos atos terminaram em cenas de violência e depredação protagonizadas pelos black blocs. “Os protestos perderam muito apoio depois que isso aconteceu. As pessoas ficaram com medo de serem expostas”, diz Barreto, explicando que os atos deixaram de contar com o “protestante de ocasião”, pessoas que não são vinculadas a grupos políticos. “Nas marchas de junho, você escutava os amigos dizendo que levariam os filhos para ver. Hoje, você vê pais pedindo para os filhos saírem dos atos”.
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Os números da secretaria fazem parte de uma pesquisa domiciliar mais ampla sobre a percepção dos brasileiros em relação ao país, que será lançada na semana que vem. “A renda do brasileiro está crescendo 6,8% acima da inflação. A renda do brasileiro está crescendo a despeito das intempéries macroeconômicas e ela cresce mais na base da distribuição. A pesquisa mostra este caminho de crescer e redistribuir renda e que embora a desigualdade no Brasil ainda seja muito grande, ela continua caindo”, disse.