Maestro Sarrafo toca a música "Carinhoso", de Pixinguinha, no saxofone, na sua casa, em Itanhaém / Nair Bueno/DL
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Um exemplo de saúde e vitalidade. Trata-se do maestro, músico e compositor Amintas José da Costa, mais conhecido como maestro Sarrafo, de 103 anos, que conta sua história na música. Hoje, ele está aposentado, em Itanhaém, e relembra os principais momentos de sua vida, nos últimos 80 anos, dedicados à arte de tocar o saxofone.
A reportagem do Diário do Litoral esteve na casa do maestro, para saber a sua história e o segredo em manter a memória e a saúde.
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Nascido em Aracaju, no estado de Sergipe, em 22 de janeiro de 1919, o maestro Sarrafo teve o seu primeiro contato com a música aos 14 anos, com a banda municipal do professor José Viana, que era 1º sargento do Exército.
“Ele havia montado uma banda de meninos e ensinava a tocar os instrumentos de sopro. Primeiro aprendi o clarinete e depois o saxofone”, explica.
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E em 1938, maestro Sarrafo ingressou na Força Pública de Sergipe e passou a tocar na banda da corporação. Entre 1940 e 1943, ele foi para o Rio de Janeiro, onde se matriculou na Escola Nacional de Música para se aperfeiçoar. Lá ele entrou para a Força Pública e chegou a 2º sargento.
Em 1943, ele foi convocado pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) para lutar na Segunda Guerra Mundial.
“Cheguei a embarcar no navio para Recife, por oito dias, onde faríamos o treinamento, mas o comandante descobriu que sabia tocar o saxofone e não fui para a Europa”, conta.
“Eu estava na lista para embarcar aos campos de batalha. Na segunda chamada, meu nome não estava mais e senti a mão de Deus. A música me salvou”.
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Com o fim da guerra, o maestro Sarrafo encerrou a carreira militar e iniciou a vida como músico profissional no Rio de Janeiro.
Lá ele trabalhou em várias casas de baile e nos cabarés. Também acompanhou cantores e compositores em programas de emissoras de rádio e de TV. Entre eles Pixinguinha, Ari Barroso, Simonal, Jair Rodrigues, Elis Regina e outros.
“Trabalhei na banda musical do apresentador Chacrinha, na TV Globo e fiz parte da orquestra da antiga TV Tupi, a primeira emissora de TV a operar no País. Além da orquestra do Sílvio Santos, no SBT, e estive na inauguração da TV Record, em São Paulo”, recorda.
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Ele tocou ainda na antiga rádio Mayrink Veiga e na rádio Guanabara, no Rio de Janeiro.
“O apelido Sarrafo, surgiu porque, nos ensaios, quando os músicos se reuniam e o pessoal estava meio devagar, eu falava vamos tacar o sarrafo”. E assim, ele ficou conhecido no meio artístico como “maestro Sarrafo”.
Professor
Aposentado, na década de 1980, o maestro Sarrafo comprou um terreno, em Itanhaém, e decidiu construir uma casa e morar na Cidade.
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De 2005 até 2012, ele lecionou na Casa da Música, onde dava aulas de saxofone e clarinete aos alunos. Maestro Sarrafo também deu aulas gratuitas para alguns alunos no terraço de sua casa. A Biblioteca municipal ainda fez a doação de vários livros a ele.
“Alguns ex-alunos e professores que deram aula na Casa da Música vêm sempre me visitar e conversar”, conta.
Além de tocar saxofone, ele também compôs várias músicas de chorinho. Em 2017, ao completar 98 anos, o maestro Sarrafo foi convidado pelo músico Eduardo Martinelli a se apresentar no lançamento do CD “Descendo o Sarrafo”, na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, com o grupo Choro Opus Trio.
Martinelli fez um resgate de vários choros censurados e gravados pelo maestro Sarrafo, no ano de 1969, na Biblioteca Nacional do Rio. O grupo gravou um CD com 16 composições do músico. O CD “Descendo o Sarrafo” foi lançado por meio da Fundação Municipal de Cultura de Campo Grande e o patrocínio da Petrobras.
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Segredo
Maestro Sarrafo revela o segredo de como faz para manter a boa saúde e muita disposição aos 103 anos.
“Em primeiro lugar não fumo e nunca fui de beber álcool, pois o meu avô bebia até cair e achava isso muito feio. Sempre procurei levar minha vida de forma bastante saudável”, completa.
Hoje, o maestro Sarrafo, que teve três filhos, mora com o seu filho Wellington Costa Santos, de 82 anos, e sua nora Yuriko Kanashiro, no bairro Tropical, em Itanhaém.
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