Cotidiano

Ancestral de humanos era bípede, mas ainda se locomovia em árvores

Os novos estudos foram realizados por uma equipe internacional de cientistas associada ao Instituto de Estudos Evolutivos da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul

Publicado em 07/10/2015 às 16:55

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Em agosto, cientistas descreveram pela primeira vez os fósseis do Homo naledi, uma espécie extinta do gênero Homo, linhagem que culminou com o aparecimento dos humanos modernos. Agora, um segundo conjunto de artigos científicos descrevem em detalhes os pés e as mãos do Homo naledi.

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Os dois novos estudos, publicados nesta terça-feria, 6, na revista Nature Communications, revelam que o hominídeo possuía uma característica única: ele era adaptado tanto para subir em árvores como para andar sobre duas pernas, além de ter mãos capazes de manipular objetos com precisão.

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Os fósseis do Homo naledi - mais de 1550 fragmentos de 15 indivíduos -, foram descobertos em 2013 na caverna Rising Star, na África do Sul. Embora não tenham sido datados, os cientistas acreditam que eles andaram sobre a Terra há cerca de 2,5 milhões de anos - um período intermediário entre os ultimos Australopithecus e os mais antigos membros do gênero Homo.

Os novos estudos foram realizados por uma equipe internacional de cientistas associada ao Instituto de Estudos Evolutivos da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul.

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De acordo com o autor principal de um dos artigos, William Harcourt-Smith, os pés do Homo naledi têm diversas características semelhantes às dos pés do homem moderno. Segundo ele, isso indica que o hominídeo era bem adaptado para manter-se ereto e andar sobre duas pernas. Ainda assim há diferenças em relação aos pés humanos: os ossos do dedo maior eram mais curvos.

"Os pés do Homo naledi são muito mais avançados que outras partes do seu corpo, como os ombros, o crânio e a pélvis. Obviamente, possuir pés semelhantes aos dos humanos era uma vantagem para essas criaturas, porque os pés foram a primeira parte do corpo a perder as características primitivas dos pés de macacos", disse Harcourt-Smith.

Segundo Tracey Kivell, autor principal do outro artigo, as mãos do Homo naledi revelam uma combinação única de anatomia que não foi encontrada em nenhum outro fóssil de hominídeos até hoje. Os ossos do pulso e do polegar apresentam características anatômicas semelhantes às das mãos dos humanos e dos Neanderthais, indicando que o hominídeo possuía força para agarrar e capacidade para utilizar ferramentas de pedra.

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No entanto, os ossos dos dedos são mais curvos que os da maior parte dos fósseis mais primitivos de hominídeos, como o Australopithecus afarensis - espécie à qual pertence o célebre fóssil Lucy. Isso sugere, de acordo com Kivell, que o Homo naledi ainda utilizava suas mãos para subir em árvores.

Misturado

Essa mistura de características humanas e de características mais primitivas demonstram, segundo Kivell, que a mão do Homo naledi era especializada tanto para atividades complexas como o uso de ferramentas, como para a locomoção pelo alto das árvores.

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"As características das mãos do Homo naledi, adequadas para o uso de ferramentas, combinadas às dimensões pequenas do seu cérebro têm implicações importantes para os requisitos cognitivos necessários para fabricar e utilizar ferraments. Dependendo da idade desses fósseis, é possível que eles tenham feito as ferramentas de pedra que encontramos na África do Sul", afirmou Kivell.

Segundo Harcourt-Smith, o Homo naledi tem uma combinação única de traços abaixo do pescoço, o que adiciona mais um tipo de bipedalismo aos registros da evolução humana. "Havia muitos experimentos diferentes ocorrendo entre os hominídeos. O percurso até chegar à maneira como andamos hoje não foi linear. Somos uma linhagem bastante confusa - e não só em relação aos nossos crânios e dentes. A história de como andamos também é bastante confusa", declarou.

Como os fósseis do Homo naledi ainda não foram datados, os cientistas não sabem como inserir essa forma de bipedalismo na árvore da família humana. "Independentemente da idade, essa espécie causará uma mudança de paradigmas na maneira como nós pensamos sobre a evolução humana. Não apenas nas implicações comportamentais - que são fascinantes - mas também em termos morfológicos e anatômicos", afirmou Harcourt-Smith.

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