SOB INVESTIGAÇÃO

Aluna de medicina da USP suspeita de desviar R$ 1 milhão recebeu Auxílio Emergencial

O desvio milionário teria sido feito de um poupança feita para custear festa de formatura dos alunos de medicina

Joe Silva

Publicado em 17/01/2023 às 10:30

Atualizado em 17/01/2023 às 10:31

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Alicia Dudy Müller Veiga é suspeita de golpe na USP / Reprodução/redes sociais

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Alicia Dudy Müller Veiga, a aluna do curso de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), suspeita de desviar quase R$ 1 milhão de seus colegas, recebeu R$ 3 mil de Auxílio Emergencial. O benefício do governo federal é destinado apenas a pessoas de baixa renda.

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Segundo o Portal da Transparência, ela teve depositados em sua conta bancária, entre junho e novembro de 2020, R$ 3 mil em cinco parcelas de R$ 600. De acordo com informações do portal g1, os valores não foram devolvidos à União.

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Alicia está no sexto ano do curso de Medicina e faz residência médica no Hospital das Clínicas, na capital paulista. Ela entrou na faculdade em 2018, no curso mais concorrido da instituição e na época gravou um vídeo em que comemora a conquista.

“É difícil descrever como é ter um sonho realizado porque são anos batalhando. Mas agora é uma sensação de compensação. É todo o tempo que você gasta fazendo simulado, estudando pós-aula. Parece que aquilo não foi nada comparado àquele dia que você vê o seu nome na lista”, afirmou no vídeo ao curso Poliedro, em 2018.

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O desvio milionário

O Boletim de Ocorrência que trata do desvio de quase R$ 1 milhão informa que a estudante solicitou à empresa ÁS Formaturas - que seria responsável pela organização da festa - a transferência de R$ 927 mil em três parcelas:

  • R$ 604 mil, para ser transferido para uma conta pessoal no seu nome;
  • R$ 145 mil, que foram transferidos para uma conta em que o beneficiário não foi identificado;
  • R$ 171 mil, que foram transferidos para uma conta em que o beneficiário não foi identificado.

Em comunicado, a ÁS nega ser a responsável pela organização do evento, como citado no Boletim de Ocorrência, e disse que "não se comprometeu com a realização ou produção de qualquer evento". "A responsabilidade da ÁS no contrato limitava-se a arrecadar os valores dos formandos e transferir para a turma, além da realização da cobertura fotográfica", diz a nota.

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Alicia conta ter aplicado R$ 800 mil em uma corretora de investimentos chamada Sentinel Bank e que esta empresa teria dado um golpe nela após a transação.

"Escrevo para dizer que não temos dinheiro. Com toda dor, culpa e arrependimento que vocês podem imaginar. (...) Nosso dinheiro foi todo repassado para a Sentinel Bank, uma investidora que, no fim das contas, não se passava de um grande golpe e nunca mais retornou nem com o dinheiro investido, nem com os rendimentos.", diz a estudante em uma mensagem de Whatsapp à comissão de organização da formatura.

A estudante também já era investigada por estelionato e lavagem de dinheiro.

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O que diz a comissão de formatura

"A Associação de Formatura da 106a Turma do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo informa que, no dia 6 de janeiro de 2023, teve conhecimento de que a então Presidente desta comissão retirou, sem o conhecimento e consentimento de qualquer outro membro da comissão, um montante totalizando aproximadamente 927.000,00 reais. A atitude isolada não representa moral e eticamente a postura dos demais membros desta Comissão e os mais de 110 alunos aderidos, vítimas dessa conduta.

Ressalta-se o entendimento desta comissão de que a [suspeita] descumpriu nosso Estatuto ao movimentar esse montante sem a assinatura de nenhum outro membro e transferindo-o a uma conta pessoal sua. Na data do 6 de janeiro de 2023 a Comissão da Turma 106 tomou conhecimento dos fatos por meio de uma mensagem de WhatsApp em que a [suspeita] confessava as transferências para uma conta pessoal sua. Ela alega ter perdido cerca de 800,000.00 reais investindo em um esquema supostamente fraudulento da empresa “Sentinel Bank”. O restante, confessa ter utilizado para, em cunho pessoal, contratar advogados para tentar reaver o dinheiro perdido. O montante de cerca de 927.000,00 foi arrecadado durante 4 anos pela empresa ÁS Formaturas.

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De toda a história contada pela [suspeita], o único fato que temos certeza é a transferência do montante guardado sob custódia da empresa ÁS Formaturas para uma conta pessoal dela. Ainda estamos averiguando em que contexto foram realizadas as transferências".

O que diz a Faculdade de Medicina da USP

"A Diretoria da Faculdade de Medicina foi informada que a Comissão de Formatura e, portanto, os alunos aderentes à formatura da Turma 106ª, foram vítimas de fraude após investimento do recurso arrecadado para organização das festividades de celebração, que ocorrerá ao final de 2023.

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Os fatos estão sendo apurados, buscando-se identificar os responsáveis pela fraude e a Diretoria está apoiando na orientação aos alunos envolvidos". 

O que diz a ÁS Formaturas

"Com relação ao caso da MED USP 106, é necessário destacar que a ÁS não se comprometeu com a realização ou produção de qualquer evento. A responsabilidade da ÁS no contrato limitava-se a arrecadar os valores dos formandos e transferir para a turma, além da realização da cobertura fotográfica. Neste sentido, todas as transferências foram realizadas rigorosamente conforme estabelecido nas cláusulas contratuais.

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Estamos à disposição das autoridades para o fornecimento de contratos, documentos, e-mails e demais informações. Finalmente, gostaríamos de informar que mesmo estando isento de responsabilidades legais, estamos em contato com a comissão de formatura para buscar algum tipo de solução que viabilize a realização do evento planejado".

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