Cotidiano

Alemanha critica Reino Unido pela forma que tratou o Guardian

"Quero deixar claro para o governo que a liberdade de imprensa e a proteção de fontes são um bem precioso para nós", disse Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã

Publicado em 21/08/2013 às 12:19

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Autoridades alemãs fizeram duras críticas ao governo do Reino Unido nesta quarta-feira pela forma como lidou com o Guardian após o jornal britânico trazer à tona o recente escândalo de espionagem dos EUA.

"Quero deixar claro para o governo que a liberdade de imprensa e a proteção de fontes são um bem precioso para nós", disse Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel. "Acho que um cenário como esse que está sendo discutido no Reino Unido é praticamente inconcebível aqui", acrescentou o porta-voz, que falou durante coletiva de imprensa.

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Os comentários de Seibert se referem à atitude do governo britânico em relação ao Guardian, que foi o primeiro veículo a noticiar sobre o esquema de espionagem dos EUA (Foto: Divulgação)

Os comentários de Seibert se referem à atitude do governo britânico em relação ao Guardian, que foi o primeiro veículo a noticiar sobre o esquema de espionagem dos EUA. Como parte da disputa entre Londres e o jornal, o companheiro de um jornalista do Guardian foi detido no Aeroporto de Heathrow no fim de semana

"A forma como as autoridades detiveram David Miranda no Aeroporto de Heathrow não é aceitável", disse Markus Loening, comissário de direitos humanos do governo alemão, em entrevista ao jornal Berliner Zeitung.

Miranda, um brasileiro que vive com o repórter do Guardian Glenn Greenwald no Rio de Janeiro, ficou detido por quase nove horas após chegar ao Reino Unido proveniente de Berlim, segundo Greenwald, que escreveu sobre o incidente em artigo publicado no site do jornal.

A Polícia Metropolitana de Londres confirmou que, logo após as 8h (horário local) da manhã de domingo, um homem de 28 anos foi abordado ao chegar de Berlim e interrogado de acordo com a legislação britânica de combate ao terrorismo, mas ressaltou que o suspeito não foi detido e acabou sendo liberado por volta das 17h do mesmo dia. Advogados contratados pelo Guardian exigem a proteção de dados que estavam em poder de Miranda e foram recolhidos por policiais.

O editor do Guardian, Alan Rusbridger, havia relatado recentemente que foi interpelado por vários oficiais do governo exigindo que seu jornal destrua ou entregue dados relacionados a matérias sobre informações sigilosas vazadas pelo ex-agente da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden, com a ameaça de processar a publicação. Greenwald é um dos repórteres para os quais Snowden vazou documentos secretos da NSA.

O governo britânico confirmou que encaminhou o secretário de gabinete, Jeremy Heywood, para pedir que o Guardian destrua ou entregue o material fornecido por Snowden. Um porta-voz do vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, disse hoje que o pedido foi razoável, diante da "séria ameaça que representaria à segurança nacional se o material caísse nas mãos erradas".

Já a Secretária do Interior do Reino Unido, Theresa May, defendeu a detenção de Miranda. "É dever do governo proteger o público e está totalmente certo se a polícia acredita que alguém tem em seu poder informações sensíveis roubadas que podem ajudar terroristas - que podem levar à perda de vidas", disse ela à rádio BBC.

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